O presidente da Comissão de Impeachment, o senador paraibano Raimundo Lira deve ter ficado levemente aliviado, ontem, com a ausência da senadora Gleisi Hoffmann (PT), que polemiza sobre tudo como parte da estratégia de adiar o máximo possível o desfecho do processo.
Gleisifaltou porque acordou com a PF em seu apartamento, em Brasília. O alvo foi o marido, o ex-ministro do Planejamento e das Comunicações, Paulo Bernardo, que teve prisão decretada, acusado de integrar esquema de corrupção que desviou dinheiro de servidores que faziam empréstimo consignado (desconto em folha).
Ora, quem recorre a empréstimo é porque está em crise financeira. Mas isso, infelizmente, não impediu os envolvidos no esquema de ampliaram os custos do socorro, explorando quem já estava em situação difícil. Nada mais é sagrado?
O superintendente da Receita Federal, Fábio Ejchel explicou que enquanto o mercado cobra R$ 0,30 de custo nas parcelas do contrato, o esquema montado no Ministério exigia R$ 1,00. A diferença ia para escritório de advogacia, e de lá para os parceiros. O procurador Andrey Borges de Mendonça disse que há provas de que Paulo Bernardo recebeu R$ 5,6 milhões e que o PT também se beneficiou.O desvio seria da ordem de R$ 100 milhões, em cinco anos.
Os brasileiros continuam sendo surpreendidos pelos que receberam a confiança dos seus votos e as chaves dos cofres públicos, porque o caso da Petrobras ainda é o maior, mas não o único.
A boa noticia é que as instituições compromissadas com o combate à corrupção – Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal – não dão sinais de cansaço, mesmo após mais de dois anos de delicadas investigações, de muita pressão, e dos riscos envolvidos quando os alvos são poderosos, sejam da economia ou da política.
Outra, é que o exemplo da “República de Curitiba” se espalhou. A operação “Custo Brasil” resultou de desmembramento da Lava Jato, mas realizada por São Paulo. Há outros casos que caminham em Brasília, no Rio, em Pernambuco… Como disse o ministro Teori Zavascki,”o país está enfermo” e o remédio é amargo. Mas eficiente.
TORPEDO
A operação põe por terra o argumento falso que o impeachment vinha para abafar as investigações. Não há força humana capaz de impedir o prosseguimento das investigações que estão em curso.
Do senador Cássio Cunha Lima (PSDB), sobre a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo pela Polícia Federal.
Caixa 2
O “Comitê Contra o Caixa 2” nas eleições 2016 será lançado quarta-feira, 29, em João Pessoa. Trata-se de campanha nacional, que une a OAB, a CNBB e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE).
Convocação
O presidente da OAB-PB, Paulo Maia confirma a vinda do presidente nacional, Cláudio Lamachia. Vão mobilizar advogados e contadores para prestarem serviços gratuitos na fiscalização das doações para campanhas.
Ação conjunta
A OAB-PB pretende abrir comitês em todos os municípios. A CNBB já garantiu que todas as suas paroquias estarão envolvidas não apenas na fiscalização, mas também na conscientização dos eleitores. Olho neles!
É crise
Em audiência com Michel Temer, o senador José Maranhão insistiu na necessidade do governo federal apressar a conclusão da transposição. A reserva de água da Paraíba está em 16,4%, e grande parte no Litoral.
ZIGUE-ZAGUE
Daniella Cunha, a famosa filha do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, passa o São João em Patos, a convite da família do deputado Hugo Motta.
É a segunda visita de Daniella, mas desta vez está alimentando o debate sucessório, com adversários dos Motta explorando a rejeição a Eduardo Cunha.