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Andar de ônibus em João Pessoa vira pesadelo para motoristas e passageiros

Praticamente um terço dos motoristas de ônibus já foram assaltados pelo menos uma vez nos últimos dois anos em todo o Brasil. É o que aponta a Pesquisa CNT Perfil dos Motoristas de Ônibus Urbanos, divulgada nesta terça-feira (21) pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Na amostragem, foram entrevistados 1.055 motoristas em 12 Unidades da Federação de todas as regiões do país, entre os dias 6 e 19 de dezembro de 2016. Apesar dos números tratarem sobre todo o país, a realidade na Paraíba não é tão diferente assim. Diariamente há relatos de assaltos a ônibus em todo o estado.

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Mas como se sentem os motoristas e os passageiros? Há o temor em usar o transporte público? O Correio Online foi conversar com profissionais e usuários para saber a realidade deles.

De acordo com um motorista de João Pessoa, que preferiu não se identificar, os relatos de assaltos são inúmeros. Porém, apesar dos índices alarmantes, ele garante que não se sente com medo.

“Trabalho há três anos na empresa e eu, particularmente, nunca fui assaltado, mas um ônibus em que eu estava trabalhando já foi assaltado, mas eles roubaram apenas os passageiros e fugiram. Mas eu não tenho medo não. Agora já tive muitos amigos assaltados, se você dizer o nome de cada um, encheria um caderno”, disse.

O motorista disse ainda que há uma certa estratégia para tentar evitar assaltos, mas que nem sempre é eficaz. “Os casos acontecem mais durante o turno da noite. Quando eu percebo algo de estranho do lado de fora, eu nem paro o ônibus. Mas as vezes quando a pessoa já está dentro do ônibus não há muito o que eu possa fazer”, explicou.

Passageiros também relatam medo

O medo não fica só com quem está trabalhando. Atinge também o passageiro. A professora Laís Dias relatou que sente muito medo em pegar ônibus. Além disto, ela revela o temor de ter que esperar a condução.

“Sinto medo de pegar ônibus sim, de ficar na parada,de ir da rua até a parada. Já fui assaltada em parada de ônibus. Já fui assediada…”, relatou.

Além disto, ela falou que já deixou de exercer algumas atividades por conta do temor. Principalmente quando estas atividades são à noite. “Já faltei a universidade por medo de pegar ônibus. Não saio de noite se a única opção for ônibus, a não ser que esteja acompanhada, mesmo assim com medo”, disse.

Mãe de dois filhos, Laís lembrou de outro fator que a faz evitar andar de ônibus: o desconforto. “Ainda tem o desconforto do ônibus lotado. Por exemplo, eu nunca saí sozinha com os meninos de ônibus, por isso. É complicado você com uma criança no aperto”, disse.

O medo também é algo que faz com que a estudante Natália Cavalcante evite andar de ônibus. Assaltada durante a gravidez, ela ficou com trauma e evita sair sozinha.

“Eu realmente deixo de ir pra locais se tiver que ir de ônibus. Deixo mesmo, não ando. Tem que ser algo muito extraordinário pra me fazer andar de ônibus. Se eu tiver que andar de ônibus eu tento arrumar uma pessoa que vá pro mesmo canto, pra ter uma companhia e me sentir mais segura”, finalizou.

A reportagem entrou em contato com o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano da capital (Sintur-JP) para saber que tipo de assistência é prestada aos motoristas e cobradores que sofreram algum tipo de assalto em serviço, mas até o fechamento desta matéria, não obteve respostas.

Resposta da PM

A Polícia Militar informou que vem fazendo ações para combater os crimes nos transportes coletivos da Capital. Segundo a PM, essas ações ajudaram a reduzir em 14% o número de ocorrências em 2016 com relação à 2015.

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