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Correio da Paraíba traz caderno especial sobre Transposição do Rio São Francisco

O Jornal Correio da Paraíba traz, na edição desta sexta-feira (10), um caderno especial sobre a Transposição do Rio São Francisco.

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O suplemento especial aborda desde a participação do presidente Michel Temer (PMDB) no evento de inauguração do Eixo Leste à expectativa dos moradores de áreas afetadas pela seca. A obra é considerada esperança para quem sofre com a escassez de água.

Conforme o compilado de reportagens, após serem despejadas no leito do Rio Paraíba as águas do São Francisco vão seguir para 71 municípios paraibanos.

Apesar desse vislumbre de esperança, cidades como São João do Tigre, São Sebastião do Umbuzeiro e Zabelê aguardam conclusão de uma adutora para receber a água da Transposição.

Monteiro vira terra das águas do São Francisco

A pacata cidade de Monteiro, uma das maiores do Cariri paraibano, é conhecida por ser terra de grandes artistas do forró. Há alguns anos, porém, a população do município que nasceu às margens do Rio Paraíba só tem olhos para outro cenário: o desemboque do túnel Engenheiro Giancarlo de Lins Cavalcanti e os canais da Transposição do Rio São Francisco. A passagem recorrente de trabalhadores dos consórcios de construtoras é um lembrete diário que a cidade passa a ser uma das estrelas da obra sonhada desde os tempos do Brasil Império.

Monteiro é considerada pelo Ministério da Integração (MI) o ponto final das obras do Eixo Leste da Transposição, que começa a mais de 215 quilômetros de distância dali, no Lago de Itaparica, em Floresta, Sertão de Pernambuco. Até chegar no Cariri a água percorre os reservatórios de Areias, em Floresta, Barro Branco, em Custódia (PE) e deságua em Porções, em Monteiro.

Ponto final da água para uns, mas não para os mais de 70 municípios do Cariri e Agreste da Paraíba, que consideram Monteiro o ponto de chegada da tão aguardada redenção hídrica. Hoje a agenda do presidente da República Michel Temer e do ministro Hélder Barbalho será também a agenda de mais da metade dos paraibanos: receber as águas do Velho Chico.

Quem nasceu na zona rural da cidade de Monteiro foi obrigado a ver a vida modificada por causa da obra. Alguns agricultores viram quase todo o pedaço de terra que tinham serem engolidos pelos canais. É o caso de seu Inácio Silvério de Lima, 59, morador do sítio Extremo. Ele mora a 30 metros do canal da Transposição. Da janela de casa ele vê o que antes eram dois hectares de terra, e agora são apenas o pedaço de um. Apesar de a obra passar dentro da antiga propriedade, seu Inácio sorri quando pensa no “mundo” de água que vai passar bem perto dali.

“Eu tinha um poço bom que foi prejudicado com a obra, mas cavei outro mais distante e deu certo. A chegada dessa água é para servir todo mundo, então é bom. Eu acredito muito na Transposição e não estou achando ruim não. Se é para servir para todos não tem como não ser bom. E a conversa é tão bonita que eu acredito. No começo eu não pensava que ia passar assim pertinho não. Estou animado que chegue as águas para que sirvam a todo mundo”, diz convicto.

Assim como seu Inácio, Francisco Vicente, 48, também viu a obra passar bem perto. No sítio Pau D’arco, onde mora, o canal cortou seus mais de cinco hectares de terra. A indenização, cerca de R$68 mil, foi divida entre 10 pessoas – ele e outros nove irmãos. Francisco visita a antiga casa quase todos os dias. A reportagem o encontrou em cima de uma das pontes que passa por um dos canais da obra, mas ele é mais um paraibano que só começou a acreditar quando viu com os próprios olhos.

“De vez em quando eu venho aqui na obra dar uma olhadinha. Mas nem sempre acreditei nessa Transposição. Comecei a acreditar quando vi o andamento bonito. Até antes de chegar aqui eu não levava muita fé não, mas depois que começou mesmo pensei: agora acho que vem! No dia que a água for chegar, eu vou estar aqui. Eu quero presenciar a água chegando”, contou Francisco.

O sentimento geral para os paraibanos que esperam por água é de brilho nos olhos. Mas essa não é a sensação para dona Maria Alves Morais, 71, e seu Pedro Damião, 79. O casal mora no sítio Mulungu, em Monteiro, onde até alguns anos as terras davam de tudo. O cacimbão que dava água boa para beber secou, assim como mais da metade dos pés de manga, pinha, goiaba, jaca e caju. As detonações fecharam a bomba de um poço que o casal fez um empréstimo de cinco anos para poder colocar pra funcionar.

“Quando começaram a falar da Transposição, a gente pensava que era um jardim de flor, mas veio o tempo e mostrou que não. Eu sei que essa Transposição pode dar prazer pra muita gente, ou até para a gente daqui pra frente, mas até agora só deu prejuízo. Se fosse coisa que a gente tivesse muita água, mas não. Eu quero água boa para beber. Se chegar essa água para a gente, eu só acho que vai chegar mais cara que a água dos poços. Eu nem sei se posso fazer um canteiro de coentro com ela. Eu tinha água boa que a obra levou. Não foi nem vantagem nenhuma”, conta a agricultora aposentada.

A reportagem esteve há dois anos na casa onde Maria mora com Pedro. E mesmo depois de dois anos, a opinião do casal de idosos não mudou. “Eu ainda planto umas carreirinhas de feijão, só para não ver sem nada. Antes a gente utilizava a terra toda para o plantio. Ninguém nem ligava que a Transposição ia passar perto e ia pegar um pedaço da terra, porque já estava demarcado outro local. Ai eles resolveram pegar as vargens porque adiantava muito o serviço. Pegaram um pedaço de hectare nosso e nos deram R$600”, lembra seu Pedro, que já sonhou muito com a obra, mas hoje olha para os canais com certa tristeza.

Leia a íntegra do especial sobre a Transposição do Rio São Francisco na edição desta sexta-feira (10) do jornal Correio da Paraíba

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