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Cortes no Orçamento podem prejudicar expansão de cursos de mestrado e doutorado

A crise econômica do Brasil pode reduzir a expansão dos cursos de mestrado e doutorado, segundo o presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Mariano Laplane. “Se houver um corte episódico, em período de tempo curto, supera-se rapidamente. O sistema pode absorver um ano de sacrifícios, mas se forem dois, três ou quatro, não poderá operar no sentido que vem, de expansão virtuosa”, diz. “O prejuízo maior será para atividades mais complexas e mais sofisticadas que demandam mais recursos em laboratórios e outros insumos, como as engenharias e a saúde”.

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O impacto, segundo Laplane, poderá ser a falta de mão de obra qualificada e especializada no mercado, em áreas de ponta, o que poderá prejudicar ainda mais a economia. Segundo ele, 2016 foi o ano em que houve cortes significativos que afetam a pós-graduação. Caso a situação melhore em 2017, não haverá prejuízos no ritmo de formação. “Este ano, a Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] e o CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] estão fazendo um esfoço fantástico para manter as bolsas concedidas há dois, três anos. Mas estão segurando a concessão de novas bolsas”, acrescenta.

Para se ter ideia, a dotação orçamentária da Capes, ligada ao Ministério da Educação, vinha em ritmo de expansão até 2015, quando passou de R$ 6,1 bilhões, em 2014, para R$ 7,4 bilhões, em 2015. Em 2016, o Orçamento caiu para R$ 5,3 bilhões.

Para o ministro da Educação, Mendonça Filho, as perspetivas econômicas para o país são boas para 2017. “O próprio cenário econômico traçado pelos economistas demonstra claramente que a gente vai começar a inflexão de crescimento. Quando o Brasil voltar a crescer, ampliam-se as margens de arrecadação e é ampliado o investimento em setores importantíssimos e estratégicos como o da educação”, disse após participar de audiência na Câmara dos Deputados. O ministro acrescenta que a pasta liberou nesta terça-feira R$ 568 milhões adicionais à Capes, para pagar bolsas nacionais e de intercambistas.

Expansão

O CGEE, organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, lançou nesta terça-feira (5) a publicação Mestres e doutores 2015: Estudos da Demografia da Base Técnico-Científica Brasileira. De acordo com o estudo, o número de programas de mestrado e doutorado mais que triplicou entre 1996 e 2014 – os mestrados tiveram expansão de 205% e os doutorados, de 210%. O aumento no número de títulos concedidos nesse período foi ainda maior, com um crescimento de 379% entre os mestres e 486% entre os doutores.

Em números absolutos, os programas de mestrado saltaram de 1.187 para 3.620 e os de doutorado, de 630 para 1.954. Os mestres titulados passaram de 10.482 para 50.206 e os doutores, de 2.854 para 16.729. No Brasil, há 7,6 doutores para cada grupo de 100 mil habitantes, de acordo com dados de 2013.

“Temos hoje um sistema mais complexo e mais rico, que segue e acompanha as tendências da ciência mundial”, afirma. “Embora o sistema tenha se expandido, com todas essas virtudes, ainda precisa crescer em benefício da sociedade e da economia”, diz Laplane.

De acordo com o estudo, a relação entre doutores e a população está muito abaixo do registrado para a vasta maioria dos países. Está abaixo do número de doutores em países desenvolvidos, como os Estados Unidos (20,6 doutores para cada grupo de 100 mil habitantes), a Alemanha (34,4) e o Reino Unido (41,0), ou mesmo em países em desenvolvimento, como a República Eslovaca (39,1), a Estônia (17,6) e a Turquia (11,5). No conjunto dos países considerados, somente o México (4,2) e o Chile (3,4) posicionaram-se abaixo do Brasil.

O levantamento mostra ainda que houve uma ampliação dos programas para outras regiões. Em 2014, Sa o Paulo e o Rio de Janeiro responderam, em conjunto, por 36,6% dos ti tulos de mestrado e 49,5% dos ti tulos de doutorado concedidos nesse ano, valores menores que os apresentados em 1996, de 58,8% na titulac a o de mestres e 83,4% de doutores. A participação de estados do Norte e Nordeste aumentou. O Pará, que respondia por 1,3% dos mestres e doutores titulados, passou a responder por 2,1%.

Jovens e empregados

Quanto ao perfil dos mestres e doutores titulados no Brasil, eles estão mais jovens. No ano de 2014, esses mestres tinham, em me dia, 32,3 anos de idade e os doutores, 37,5 anos. A idade me dia dos titulados em programas de mestrado caiu aproximadamente um ano e a dos titulados em programas de doutorado, cerca de dois anos.

A taxa de emprego formal de mestres e doutores manteve-se esta vel durante os anos de 2009 e 2014, cerca de 66% e 75%, respectivamente. Em cada grupo de mil pessoas com emprego formal no Brasil durante o ano de 2009, havia em me dia 4,5 mestres e 1,8 doutor (titulados no Brasil no peri odo 1996-2009); em 2014, tal proporc a o ja havia alcanc ado 5,9 mestres e 2,6 doutores.

Os salários são maiores. Em 2014, a média da remuneração em empregos formais era de R$ 2.449,11. Entre os mestres, o valor era de R$ 9.719,21 e, entre os doutores, de 13.860,86. Os profissionais de nível superior recebiam em média R$ 5.137,24.

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