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Cupim

Mais uma vez, vou direto ao ponto:

Com perdão antecipado à fauna, que animal na natureza poderia ser comparado aos corruptos brasileiros?

Pode, à primeira vista, parecer uma questão não muito relevante.

Até concordo, mas pondero: desde que o mundo é mundo o homem aprende pela comparação.

E identificar o correlato animal dos nossos corruptos pode nos fornecer uma visão mais ampla do espectro que forma essa genética malandra, responsável pela subtração das riquezas nacionais.

Além, claro, de valer pela jocosidade – esse traço cômico que salva o espírito brasileiro diante de tão amplas, longas e reincidentes catástrofes sociais.

Portanto, repito: qual animal parece com o homem de terno, gravata e falta de ética que surrupia a nação?

Pergunto e dou a resposta:

O cupim.

Sim, os corruptos brasileiros guardam uma semelhança inacreditável com essa praga.

Vejamos:

O cachorro late, o galo canta, mas os cupins são silenciosos e sorrateiros – assim como nossos corruptos.

Mais: trata-se de um predador que não respeita nada – invade e consome desde a melhor e mais sortida biblioteca até o mais belo altar sacro.

Vide os corruptos, os cupins também agem às escondidas. São organizados em grupos. E não têm limite para o apetite voraz.

Eles comem da madeira de lei ao concreto.

Assim como os corruptos comem desde o dinheiro da merenda de jovens carentes até o orçamento destinado a compra de medicamentos especiais – e com mordedura tão potente que consegue triturar até a solidez de uma Petrobrás.

A semelhança entre cupins e corruptos começa, aliás, pelo rótulo. Ambos são pragas. E difíceis de exterminar.

Até porque têm grande mobilidade, que lhes possibilita atacar a distância.

Das suas panelas, os cupins seguem sequiosos em direção a seus alvos. São capazes de percorrer longos trajetos – quase tão longos quanto os percorridos por mãos que, de extremos do País, operam em Brasília.

Você deve saber – por experiência própria ou de outrem – a árdua batalha que se trava para combater os cupins.

O extermínio requer o uso dos venenos mais potentes e letais.

E é aí que a semelhança se aparta.

Os “remédios” que o Brasil tem prescrito para combater a praga da corrupção não têm tido eficácia alguma – e os reincidentes provam isso.

Afinal, o que há de extremo em encarcerar, dentro do conforto de suas próprias casas, os cupins que corroem o Brasil?

Não sem razão, eles voltam a predar – dos dois lados da mesa.

E seguirão epidêmicos enquanto a pátria insistir em tratá-los como mãe tão gentil.

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