O fenômeno não é recente, mas foi acirrado nos últimos meses com os problemas que o mundo vem enfrentando com a crise econômica, crescimento do número de refugiados, desemprego e agressões aos direitos humanos. Para a professora Adoración Galera, da Universidade de Granada na Espanha, a crise na representação apenas mostra que políticos e os partidos estão com discurso que os afasta dos cidadãos, que a cada manifestação, demonstram insatisfações.
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“Os partidos estão, digamos, inertes”. A solução é democracia, é o povo exercer seu direito de voto. Na conversa com Correio, em João Pessoa, onde participou de evento na UFPB, Adoración Galera defendeu que a comunidade internacional chame para si a responsabilidade em defesa dos diretos humanos.
Confira, abaixo, um trecho da entrevista com a especialista.
– A crise política é um indício de que há necessidade de evolução na representatividade do povo nos poderes?
É um sintoma da necessidade de mudanças no sistema de representação. Não estou segura de que seja exatamente isso. O que há é que os partidos políticos são representantes institucionais da vontade do cidadão e desde muito tempo têm adotado posições que se afastam do povo. Os partidos estão, digamos inertes, e não têm respondido a essa separação entre a vontade do representado e a vontade do representante.
– O que tem ocorrido como consequência da crise?
O cidadão está tomando consciência de que as decisões que estão tomando agora repercutem diretamente em seu domicílio, nos salários, num maior desemprego. E tem tomado consciência clara de que os representantes não estão adotando as decisões que os cidadãos querem.
– Como conciliar os interesses que parecem se afastar cada vez mais entre o que quer o povo e o poder?
Provavelmente o caminho seria voltar à teoria clássica, ao sistema genuíno. E o sistema genuíno diz que os representantes devem adotar as decisões de acordo com a vontade da maioria. Não se pode atuar desassociado do que o cidadão quer. O que a cidadania está pleiteando está incluso no direito de manifestação, onde o cidadão mostra sua insatisfação. O poder político tem que escutar. O poder público e seus representantes têm que ir aos seus representados.
Leia entrevista completa na edição deste domingo (19) do jornal Correio da Paraíba.