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Minha repulsa

Não sei se estamos diante de uma compulsão coletiva. Ou de uma mera (e no meu entender, equivocada) estratégia. Mas a difamação se transformou em uma via de mão única nas disputas.

Um fenômeno que ocorre em todos os níveis: quer seja em eleições de academias; quer seja em disputas de clubes e associações de classe. E nas campanhas políticas por excelência.

Pegaram esse atalho e se recusam a sair dele.

A tática é sempre descredenciar o adversário. Ao invés (o que seria mais lógico) de se credenciar ao posto.

Lamento e estranho o fenômeno.

Ao longo de toda a minha vida (seja como desportista, seja como empresário) jamais pratiquei ou assisti meus pares embrenhados em tal estratégia.

Nunca vi, por exemplo, um time entrar em campo falando mal do adversário. Um velejador descredenciando um companheiro de vela. Ou um piloto apontando o dedo para a escuderia alheia (corridas são ganhas na pista).

Começo a exemplificação pelos esportes inspirado pelo mentor do olimpismo moderno, o barão Pierre de Coubertin, que destaca a garra, a excelência e a superação dos próprios limites para alçar o pódio.

Não temos rigor tão absoluto na seara empresarial, mas também aqui não se vê uma Veja difamando uma IstoÉ; ou um Estadão descredenciando uma Folha de São Paulo.

Para ganhar seus assinantes e leitores, a tática não é destruir a imagem do concorrente e sim construir sua própria imagem.

Obviamente, exceções existem. E, também no universo empresarial, temos que conviver com comportamentos détraqué de determinado gestor.

Mas este é, como disse, um desvio de padrão característico dele.

O que estamos assistindo nas disputas Brasil afora, porém, não se enquadra na ruptura de uma regra.

Virou febre, compulsão mesmo, atacar o adversário – esfarelando seus valores, destruindo sua reputação, perseguindo sua honra.

Não se diz “eu sou”. E sim “ele não é”.

Não se prega “eu posso”. E sim “ele não pode”.

Queria assistir mais o desfile de valores, as credenciais de quem se candidata a meu voto. Ao invés do descredenciamento alheio.

Fiquem no eu. Esqueçam o ele.

Pois do jeito que as campanhas estão postas, só confirmamos a assertiva do saudoso Hubert Humphrey, vice-presidente americano no mandato de Lyndon Johnson:

“Errar é humano; culpar outra pessoa é política!”

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