‘Pantera Negra’ é o destaque da semana; confira outras estreias

As questões raciais estão sendo discutidas no mundo inteiro e os Estados Unidos se apresentam no centro dessa discussão, inclusive Hollywood. A campanha #OscarsSoWhite, em 2016, escancarou as lacunas da indústria do entretenimento em relação a atores, produtores e realizadores negros no cinema. Diante deste cenário, a estreia de Pantera Negra, que chega aos cinemas paraibanos nesta quinta-feira (15), é histórica.

A obra não é a primeira aventura de super-herói da Marvel nos cinemas a contar com um protagonista negro (a honra cabe a Blade, o Caçador de Vampiros, de 1998), mas o elenco é repleto de afrodescendentes. E o que difere esta produção de Blade é o alto investimento que a Marvel Studios está colocando.

Para se ter ideia, o filme está orçado em aproximadamente US$ 200 milhões, números maiores que filmes como Doutor Estranho (US$ 165 milhões) e o filme mais recente da trilogia Thor: Ragnarok (US$ 180 milhões). Portanto, Pantera Negra não é apenas um lançamento voltado a um nicho, mas uma aposta para um sucesso de bilheteria a nível mundial.

“Artista do Desastre”

O ator James Franco apresenta a história do exótico Tommy Wiseau e sua amizade com Greg Sestero. Ambos são responsáveis pela produção de The Room, considerado um dos piores filmes já feitos na história. A atuação de Franco, que também dirige e produz esse filme sobre os bastidores da produção, está sendo considerada a melhor de sua carreira até então, ao conseguir dar naturalidade e criar empatia em torno de uma figura da vida real estranha e caricata.

“Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi”

O drama de guerra trata de um assunto pouco retratado nesse período histórico: o violento conflito de etnias, gêneros e classes sociais que acontece no Sudeste dos Estados Unidos. Traumas de guerra, a ascensão de seitas organizadas como o Ku Klux Klan e o fortalecimento do nacionalismo imperialista norte-americano marca a convivência turbulenta entre as famílias McAllan e os Jackson.

“Três Anúncios Para Um Crima”

Qual é o limite que uma mãe deve respeitar enquanto tenta solucionar a morte trágica de uma filha? Que dores particulares cada um carrega dentro de si que podem desembocar em atos de violência imperdoáveis? Que paranoias um mundo esfacelado gera nas pessoas? Essas questões orbitam o roteiro de Três Anúncios para um Crime, um dos favoritos da corrida do Oscar 2018, que estreia hoje nos cinemas paraibanos.
A premissa do filme é simples. Após meses sem uma resposta concreta por parte das autoridades a respeito do estupro e assassinato da filha, Mildred decide tomar uma decisão radical. Ela compra três outdoors dispostos à margem de uma pequena estrada de acesso à interiorana Ebbing, cidade do Missouri.
Os anúncios dizem: “Estuprada enquanto morria”, “E ainda sem prisões?” e “Como pode, xerife Willoughby?”, tornando a questão clara como cristal, além de citar nominalmente o chefe de polícia responsável pelo caso. A atitude desestabiliza o frágil equilíbrio de falsa paz que a pequena cidade vive, reafirmando as tensões e preocupações de uma sociedade que percebe uma escalada de crimes violentos até mesmo em cidades aparentemente tranquilas, longe dos centros urbanos.
Apesar de encontrar identificação e apoio em torno de sua busca por culpados pelo crime, Mildred é uma personagem complexa. Sua personalidade está longe de ser simpática, além de apresentar posicionamentos radicais e secos. É uma interpretação extremamente competente de Frances McDormand, a favorita à estatueta de melhor atriz, que dá o peso necessário à personagem controversa. Outros personagens que se destacam na história são o xerife Willoughby (em ótima atuação de Woody Harrelson) e do policial racista interpretado por Sam Rockwell.
A produção se concentra na força de seus personagens e atuações, trazendo uma fotografia e uma direção discretas. Tanto é que o diretor Martin McDonagh não aparece na lista de indicados a Melhor Diretor.

*Texto de André Luiz Maia, do Jornal Correio da Paraíba.