Qual o maior sentimento que um coração humano pode nutrir?
De um brasileiro, a resposta mais óbvia é o amor dos pais pelos filhos. E, ainda, o sentimento de autodefesa – aquele que atende a uma das ordens mais imperiosas da natureza: a própria preservação.
Mas experimente fazer essa mesma pergunta para um americano ou alemão. E se prepare para se surpreender com a resposta.
De antemão, aviso: muitos deles – diria até a maioria – responderão de pronto: patriotismo.
Neles, o amor à pátria é tão profundo que pais liberam filhos para a guerra. E jovens abrem mão da própria vida em batalhas sanguinárias para defender os interesses do País.
Esta entrega soa profundamente estranha aos ouvidos dos brasileiros. E por um único e infeliz motivo: não somos patriotas.
Não temos amor real – tampouco incondicional – por este gigante que não ousa acordar de sua imersão profunda para cobrar e punir aqueles que teimam em destruir este grande país.
Essa permissividade mexe com o respeito e a admiração dos brasileiros pelo Brasil. Sem orgulho, se instala o desamor.
Onde estão as vozes que entoavam “eu te amo meu Brasil”?
Caladas, emudecidas pelas pilhagens políticas, pelos escândalos, pela impunidade, pelo salve-se quem puder.
A perda do sentimento cívico pode até ser imaterial, mas é absolutamente palpável. E se manifesta de forma pragmática. Neste momento de crise, por exemplo, engrossa a corrente dos que torcem pelo quanto pior melhor.
Até mesmo o esporte – que em passado recente reunia uma nação envaidecida com o verde e amarelo pelos gramados – reflete atualmente essa sensação plural de desamor.
Constrange ver nossos atletas, até na hora da execução do Hino Nacional, exibirem emoção meramente protocolar – perdendo o desafio antes mesmo da partida começar, movidos apenas pelo mercantilismo.
Quem diria que aquela garra viraria mercenarismo puro e simples?
Pior: quem imaginaria que, neste começo de século, depois de tantas glórias e orgulhos, só reencontraríamos aquela entrega apaixonada – derramando sangue, suor e lágrimas pela camisa pátria – ao espiar os gramados dos vizinhos?
É difícil admitir, mas a verdade é que a indiferença dos nossos atletas é apenas um espelho.
Nele, se enxerga toda uma nação.
Um bando de gente indiferente, ressentida com os desmandos, envergonhada com o próprio País.