Não se trata de um questionamento retórico – nada que possa ser respondido à luz da filosofia ou dos enredos shakespeariano. Na verdade, existe resposta pragmática para a questão.
E ela é dura.
Vem da Conference Board, organização americana que reúne pesquisadores e cerca de 1.200 empresas públicas e privadas de 60 países, que atesta:
Um brasileiro vale um quarto de um americano em relação a produtividade.
O dado significa, trocando em miúdos, que são necessários quatro brasileiros para produzir o equivalente a um trabalhador americano.
Os levantamentos da Board mostram que a produtividade brasileira caiu ao menor nível desde 2006. E a distância qualitativa entre a mão de obra nos Estados Unidos e no Brasil vem se acentuando, chegando próxima do nível dos anos 50.
O fenômeno ocorre – como não poderia deixar de ser – em função de um complexo conjunto de fatores.
O mais óbvio deles é o baixo nível educacional do Brasil.
Outros agentes desse processo se situam na falta de qualificação da mão de obra, aliada aos gargalos na infraestrutura e aos poucos investimentos em inovação e tecnologia.
O resultado é este melancólico quadro da produtividade dos brasileiros.
Resta o consolo de que somos mais produtivos que indianos (209%) e chineses (120%) – um alívio que perde a função quando nos lembramos do tamanho das populações da Índia e China, calculadas em bilhões, que acabam compensando (e muito, conforme temos visto nas prateleiras do mundo) a falta de capacitação destes asiáticos.
O cálculo que nos responde quanto vale um brasileiro é feito com base na relação entre o PIB do País e o total de empregados. Já a comparação entre os países é medida pela produtividade per capita.
Em quase todas as contas e comparações, aparecemos mal.
Se já não é fácil digerir que valemos – quando colocamos a mão na massa – apenas 24 por cento de um trabalhador americano, a digestão fica ainda mais penosa quando somos avisados que o brasileiro vale apenas 40 por cento de um sul-coreano; metade de um chileno; 59 por cento de um russo.
E, para colar uma pá de cal definitiva sobre nossa autoestima, valemos 74 por cento de um argentino.
Confesso: essa doeu!