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Muitos torcem o nariz para o economês. E se exasperam com os números.

Não é, definitivamente, o meu caso.

Por índole, formação profissional e necessidade operacional, me mantenho atento e leio – diariamente, prioritariamente e sempre com redobrado interesse – os cadernos de economia e negócios.

É minha literatura preferencial – que aprecio quase no mesmo nível de prazer dedicado ao meu acervo de revistas sobre automobilismo, escapes para espairecer (afinal ninguém é de ferro…).

Recentemente, por exemplo, me deparei com dados inacreditáveis, que inspiram e ilustram este artigo.

Os números são autoexplicativos. E assombrosos.

Faço, porém, uma análise pessoal do que eles significam.

Começo com a consideração de que, em qualquer análise empresarial, vários fatores e índices são postos na mesa. E seu conjunto é que permite uma avaliação sobre a saúde financeira de uma empresa ou de um grupo empresarial.

Neste catálogo de dados, porém, um se destaca poderosamente:

A quantidade de dinheiro em caixa!

Aqui um parêntese: quando me refiro a dinheiro em caixa, parto do pressuposto da veracidade do seu conteúdo. Embora nem sempre (quase nunca) se possa colocar a mão no fogo pela veracidade dessas informações.

Não auditei, mas suponho que a Apple – até pelo seu nível – tenha escriturado dados verdadeiros quando diz que tem, em caixa, US$ 256,8 bilhões.

Essa montanha de dinheiro – algo em torno de R$ 817,4 bilhões – mostra não somente a pujança da supercorporação americana, mas sobretudo a desproporção entre as economias dos Estados Unidos e Brasil.

Por mais vaidoso e nacionalista que eu seja não posso cegar diante desta inequívoca e indigesta constatação.

E as distancias que nos separam são realmente abissais. Em qualquer comparação, saímos minúsculos.

Ilustro: listados em valores de mercado, quatro das nossas maiores empresas, ícones do orgulho nacional – Ambev (US$ 92,6 bilhões); Banco Itaú (US$ 76,6 bilhões), Banco Bradesco (US$ 59,3 bilhões) e Telefônica Brasil (US$ 23,5 bilhões) – poderiam ser compradas à vista pela Apple.

Que nem sairia lisa da operação, mantendo em caixa US$ 4,8 bilhões (algo em torno de 15,84 bilhões de reais).

Já imaginou?

É realmente difícil.

E não estamos falando de fundo de investimentos. Essa dinheirama toda descansa na conta corrente de uma empresa do ramo industrial, resultado de sua liderança na produção de produtos eletrônicos.

O gigante adormecido é um anão diante do mundo que opera acordado e afinado com a modernidade.

E que bom seria – realmente seria – se essa modernidade aportasse no Brasil, permitindo a redução dessas desigualdades entre nós e eles.

Poderíamos, sem duvida, alavancar nossas potencialidades e riquezas. Virando a página e sepultando projetos ideológicos falidos, que apostam no partilhamento da pobreza.

Não é para ficar de olho grande nos números da Apple.

É para olhar e se inspirar no gigantismo americano, entendendo que não precisaríamos pagar nenhuma patente para bem copiá-los.

É, enfim, para usá-los como referência – a melhor que poderíamos ter para alimentar nossos sonhos e desejos de agigantamento.

Quem quer ser medíocre, copia a Venezuela.

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