Roupa Suja

Em quase cinco anos, já vivi muitas experiências e enfrentei alguns desafios no programa Correio Debate, da Rede Correio Sat, onde apresento diariamente, ao lado dos companheiros Fabiano Gomes e Wellington Farias, o noticiário político mais comentado e empolgante do Estado.

Já ajudei a conduzir importantes e tensos e históricos debates entre candidatos a prefeito de João Pessoa, Campina Grande e confronto de postulantes ao Palácio da Redenção, situações que exigem total e indispensável equilíbrio, frieza e imparcialidade emocional e profissional.

Já tive que enfrentar intimidação olho no olho de político metido a valente, me deparei com relatos emocionantes, já chorei com situações de perda, dor e violência, me indignei com injustiças, me revoltei com afrontas à cidadania, já pacifiquei brigas e confrontos de colegas no ar e até já testemunhei, recentemente, a reação de uma mãe ao saber pelo rádio que o marido seria suspeito da morte e estupro de sua filha.

A esta altura, pouquíssima coisa seria capaz de me surpreender ou tirar do sério, mesmo levando em consideração o “sangue quente” de sertanejo das minhas veias, que vez em quando teima em tentar dominar e vencer a vocação natural do “homem de paz”, exercitada diária e permanentemente como antídoto para superação de tantos desafios.

O enfrentamento, ao vivo, entre o secretário da Administração Penitenciária, Wagner Dorta, e seu antecessor, delegado Walber Virgolino, pareceu cena de novela. Com direito a lavagem de roupa suja, desabafos pessoais e acusações graves de desvio de funções, a história seria difícil de acreditar, se contada por terceiros.

As vísceras de uma relevante pasta do Estado, responsável pela manutenção dos bandidos na cadeia, ordem dos presídios e ressocialização dos apenados, foram expostas, sem maquiagem e nem sofisticação retórica, em plena praça pública. E da pior e mais lastimável forma possível. Coisa para constranger até o microfone.