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S?culo XIX

Jefferson Firmino Ribeiro formou-se em medicina, mas no meio do caminho descobriu que não gostava de ver sangue. Qualquer um, na situação dele, teria entregado os pontos.

Não meu avô.

Logo ele encontrou seu lugar ao sol nas ciências médicas. E, no final do século 19, fez diferença como médico sanitarista, atuando fortemente no combate de doenças.
Naquela época, o Brasil era uma fábrica de endemias.

Uma condição que o País procurou exterminar para não chegar ao século XX em condição indecorosa – especialmente quando o primeiro mundo já tinha feito a lição de casa, controlado surtos de doenças primitivas como a febre amarela e a malária (ambas transmitidas por dois simples mosquitos).

O esforço brasileiro valeu a pena. Quando meu pai nasceu, em 1914, o combate a epidemias evoluía consideravelmente.

E certamente duas gerações de médicos – meu avô e meu pai – estavam convictas que apresentavam ao pequeno Roberto, em 1946, um Brasil diferente.

Um país em que, pelo menos, era mais seguro viver.

Imagine então meu nível de confiança quando, no final do século passado, assisti o nascimento de meus filhos…

Era estratosférico.

Caímos, porém, das alturas.

O Brasil que neste começo de século XXI entrego aos meus netos é, em termos sanitários, um Déjà vu de 1800.

Definitivamente, voltamos ao século 19 – um recuo proporcionado pelo descaso e pelos minguados investimentos em ações sanitaristas.

As omissões combinadas resultaram na eclosão de epidemias que já haviam sido debeladas. E no surgimento de outras tantas igualmente inaceitáveis.

Como podemos aceitar que, em pleno hoje, o Ministério da Saúde recomende controle de natalidade para combater o surto de microcefalia, supostamente provocado pelo Zika Vírus, que faz vítimas Brasil afora porque nunca conseguimos exterminar a proliferação do Aedes aegypti?

É duro admitir, mas é ainda mais duro negar que, no século XXI, um mosquito aterroriza o Brasil. E coloca neste instante a Paraíba em segundo lugar no ranking nacional de casos de microcefalia.

Doutor Jefferson, se pudesse testemunhar o Brasil de 2015, também não acreditaria.

E eu o confortaria:

– Meu avô, nem a gente acredita!

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