Há um clima bem diferente nos lançamentos literários produzidos em João Pessoa durante 2013 e o primeiro semestre de 2014. Enquanto no passado ano inteiro prevaleceu a qualidade em relação à quantidade, na quase primeira metade de 2014 a quantidade vem se sobrepondo à qualidade. O interesse pela literatura em geral não caiu. Acho até que aumentou. Prova disso é a consolidação e crescimento do público do Pôr do Sol Literário, que Helder Moura e Juca Pontes coordenam mensalmente na área externa da Academia Paraibana de Letras (APL).
Entretanto, como já afirmei – com duas ou três exceções, de acordo com anotações ao meu lado -, a qualidade dos lançamentos paraibanos vem deixando a desejar quando comparados aos feitos em 2013. Assim, é um grande presente o que nos oferece Sérgio de Casto Pinto, a dois dias da abertura da Copa do Mundo, lançando às 19h00 de hoje, na APL, “A flor do gol”, em edição da Escrituras, de São Paulo. Li no final de semana a nova obra do autor de “Gestos lúcidos” e “Zoo imaginário”. Sobre seus novos poemas, estou escrevendo para minha coluna “Essas coisas”, a ser publicada no dia 15, domingo próximo, no Caderno 2 deste jornal.
Prefiro transcrever trecho do texto de Hildeberto Barbosa Filho sobre os poemas de Sérgio que abrem “A flor do gol”, destacando o insubstituível Garrincha.
Escreveu Hildeberto: “Quero crer quer que, nestes poemas, jogadores e poeta parecem se fundir isomorficamente no corpo de suas respectivas linguagens, no propósito de seus respectivos estilos. Há uma poeticidade intensa percorrendo o traçado das jogadas, assim como existe um intenso jogo no tocar as palavras, no sentido de transmutá-las em objetos lúdicos, em expressão poética. Digamos que a folha seca, a bicicleta, o drible, enfim, o gol, emoldurados no plano físico e cronológico, correspondem às metáforas, às metonímias, às elipses e a outras figuras inscritas no tapete da linguagem. O carinho e o cuidado que os craques têm com a bola, o poeta também possui em relação às palavras. Palavras que, nos poemas, são bolas; bolas que, no gramado, são palavras. Palavras sobretudo poéticas. Pela coerência do ritmo, pelo encanto das imagens e pela energia da ideação”.
Então, vamos à “flor do gol”, às 7 noturnas, na Academia.