Quando deixou o Brasil rumo a Nova York, a presidente Dilma Rousseff tinha a intenção de usar a tribuna da ONU para denunciar um “golpe em andamento”. Chegando lá, recuou. Ainda lá, mudou a instância a qual pretende apelar: citou o Mercosul, lembrando que a cláusula democrática do bloco pode provocar a expulsão do Brasil.
O impeachment de Dilma produz tantos fatos que rouba todo o interesse do debate sucessório municipal. Em anos normais, faltando menos de seis meses para a eleição, estariam em alta as tentativas de descredenciar quem está no poder e tentando a reeleição – para eliminar sua vantagem – e também dos que estão bem posicionados nas pesquisas.
Mas como competir com a mais nova revelação da Lava Jato, a delação da dona da Pepper (publicidade), Danielle Fonteles que afirma ter recebido “por fora”, de empresas com contratos com o governo, nada menos que R$ 58 milhões nas campanhas de 2010 e 2014, e que quem conduziu tudo foi Giles Azevedo, o mais próximo assessor de Dilma?
Como tirar os olhos do Senado Federal, que vai decidir se afasta a petista do poder, primeiro por 180 dias, para analisar as denúncias de crime de responsabilidade apresentadas contra ela?
Enquanto essa questão perdurar, o debate sobre as eleições municipais estará em plano secundário. Bom, repito, para quem tentará reeleição – como Luciano Cartaxo (João Pessoa), Romero Rodrigues (Campina), Netinho (Santa Rita), Expedito Pereira (Bayeux), Francisca Motta (Patos), André Gadelha (Sousa) e Denise Oliveira (Cajazeiras), entre outros – ou para quem já é bem conhecido do eleitorado.
Não favorece os debutantes, que não poderão aproveitar todo o potencial do período da pré-campanha para atrair atenção dos eleitores. É o caso de João Azevedo (PSB) em João Pessoa, que tem muita estrutura e apoios significativos que incomodam, mas não estão causando estragos porque o foco das atenções é Brasília.
E a campanha oficial foi reduzida de 90 para 45 dias. Os dias de propaganda na TV e no rádio, de 45 para 35 dias. Para os que estão nas prefeituras, a crise virou aliada. Já para os novatos, ampliou o desafio.
TORPEDO
“O crime gerou rombo superior a R$ 57 bilhões. É por isso, devido a esse grave crime de responsabilidade fiscal, que o Brasil tem 10 milhões de desempregados e a volta da inflação, por exemplo”.
Do líder do PSDB, Cássio Cunha Lima, para quem Dilma cometeu crimes e que eles causaram grandes prejuízos a nação.
Prazos…
O paraibano Raimundo Lira (PMDB) será eleito, amanhã, presidente da Comissão de Impeachment no Senado. Foi indicado pelo PMDB e aceito sem questionamentos, por todos. Espera concluir trabalhos até 9 de maio.
… de Lira
Lira já convocou assessoria técnica e se reuniu com especialistas em Direito Constitucional, em preparação para a missão. Se seu plano de trabalho der certo, a votação em plenário poderá ocorrer em 12 de maio.
Fênix
Na confirmação da candidatura de Charliton Machado a prefeito de João Pessoa, a presidente estadual, Giucélia Figueiredo disse que “aqueles que acham que o PT é um projeto esgotado estão enganados”. Crê em vitória.
Orgulho petista
Charliton Manchado pensa como Giucélia. Diz que “é uma honra representar o PT” e garante que a sua é “uma candidatura com a estrela no peito e que vai para as ruas dizer que tem um legado e um projeto de futuro”.
ZIGUE-ZAGUE
Teori Zavascki (STF) autorizou a PGR a investigar a superplanilha da Odebrecht – a que registra pagamentos a 316 políticos de 24 partidos. Vem bomba.
Na pauta de terça-feira do Senado, a votação da PEC 143, que permite desvinculação de recursos dos Estados e municípios, atrelados a saúde, educação e pesquisa.