O homem é um ser complexo. Apesar de se orgulhar da racionalidade, atravessa a vida guiado por sentimentos e sensações que extrapolam os sentidos convencionais e o intelecto, desaguando em reações que, não raro, surpreendem.
Como alguém reage a uma perda? A algum problema grave? A uma provação da vida?
São tantas variáveis inseridas em um contexto mental que realmente é difícil prever.
O leque é de fato bastante amplo. Mas de todas as atitudes comportamentais inerentes ao homem, uma merece meu grifo e destaque:
E ela se chama superação.
Este é um valor que se aplica a tudo (a separação da mulher amada, a perda de um parente, a dificuldades financeiras, a problemas de saúde, a crises empresariais).
No meu modesto ponto de vista, se há uma trajetória a ser seguida para superar as adversidades (tantas vezes cruéis, que a vida ‘madrastamente’ nos apresenta ao longo da existência), todas as coordenadas nos conduzem a superação.
É o único caminho, obstinado, para as conquistas. Seja da paz, da cura ou da crise.
Os recordes empresariais. Os esportivos. Os alcançados nas pistas da vida – todos eles partem da premissa de superação dos obstáculos.
Digo mais: quem acredita em superação não entra em depressão. Não se abate.
Pois tem sempre a frente esse desejo que não arrefece, que permanece e que – miraculosamente – acaba por se materializar pela força da obstinação em se superar.
Na contramão desse sentimento – no sentido contrário dele – encontramos quem já parte derrotado.
Diante dos problemas, quem se entrega só colhe um resultado: o epílogo. O fatídico acabou.
Quem acredita na superação, por sua vez, não se rende nunca. Está sempre maquinando como chegar do outro lado. E encontra as mais distintas soluções: pela ciência, pela fé, pela criatividade.
Para estes não tem fim. Não tem rendição nem entrega.
Está sempre em alguma etapa da luta. No cair e levantar, sacudindo a poeira.
A superação não é um comportamento vago. Trata-se, na verdade, de um otimismo operoso.
O sujeito é otimista. Mas não se ampara apenas na fé da boa ventura. Ele busca. Ele constrói. Ele age.
Minha dose de superação é cavalar – uma herança bendita da formação comportamental da família. Entre os Cavalcanti Ribeiro, o princípio basilar é o enfrentamento da dificuldades.
E a recompensa é sublime. Divina até.
Pois a vitória da superação (de uma doença, de uma perda, de um problema grave, uma dificuldade aguda) é o maior prêmio que se pode conquistar.
Nestes momentos, se atinge o ideal pensado pelo poeta popular:
A mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.