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Quase 40% dos moradores de periferias na Grande JP estão desempregados

Um levantamento realizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) alerta para o agravamento da condição de periferias da Região Metropolitana de João Pessoa durante a pandemia da Covid-19. Conforme a pesquisa, realizada entre os dias 7 de 15 de maio, quase 40% dos moradores de bairros populares de João Pessoa estavam desempregados e mais de 82% dos empregados continuavam indo aos locais de trabalho diariamente.

De acordo com o estudo, intitulado “Direito à cidade e as lutas pelo espaço urbano: necessidades radicais e utopia”, 81% dos 184 entrevistados afirmou respeitar as regras de isolamento social. No entanto, a presença de pessoas na rua é notada por cerca de 90% dos entrevistados e apenas 19% destacaram conhecer totalmente a importância do distanciamento diante da gravidade da pandemia.

De acordo com o coordenador do projeto, professor Rafael de Padua, o fato de as populações não terem direitos sociais garantidos traz risco para a vida delas por estarem mais expostas ao contágio pelo novo coronavírus.

“Pensamos quais são as necessidades mais urgentes e o que os moradores estão fazendo para lidar com a doença. Devido a estruturas econômicas e sociais precárias, há dados recorrentes de que uma parcela dos moradores não está respeitando o isolamento social e que as pessoas saem às ruas sem qualquer proteção. Evidenciamos a dificuldade para que as informações tenham efetividade em lugares onde há uma precarização da vida”, explica.

Segundo o pesquisador da UFPB, outro ponto observado na pesquisa é que, diante das dificuldades para que a população tenha acesso ao auxílio financeiro disponibilizado pelo governo federal, as pessoas estão organizando redes de solidariedade para suprir necessidades básicas de alimentos, materiais de limpeza, higiene e de proteção.

“São associações diversas e redes organizadas por movimentos sociais urbanos e rurais. Isso aponta que, diante de uma realidade que pode ser catastrófica e trágica, há uma organização entre os pobres para o enfrentamento dessa pandemia. A solidariedade tem sido fundamental, pois a realidade é muito difícil e a negligência estatual uma constante”, acentua Padua.

Rafael de Padua ressalta que o espaço urbano – a casa, os lugares de lazer, a mobilidade na cidade, a apropriação dos espaços públicos e o uso pleno da cidade por seus moradores – é uma necessidade concreta e fundamental para todos. Mas que, para uma parcela da população de João Pessoa, restou ocupar espaços que não “interessam” tanto à propriedade privada.

“Grande parte da população brasileira não tem acesso à propriedade privada da terra, o direito a ter uma moradia. Para essas parcelas da população, resta ocupar espaços como fundos de vale, encostas e terrenos públicos ou privados sem nenhum uso. Elas constroem as moradias com o próprio trabalho e conforme os recursos permitem. Há necessidades que são essenciais para a vida e que a reprodução social tal qual está posta não permite a todos”, adverte o pesquisador.

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