Uma cantiga de roda, muito popular antes dos jogos eletrônicos, ensinava as crianças a ideia de que todos os atos têm consequências. A letra diz: “Hoje é domingo/ Pede um cachimbo/ O cachimbo é de ouro/ Cai sobre o touro/ O touro é valente/ Bate no tenente/ O tenente é fraco/ Cai no buraco/ O buraco é fundo/ Acabou-se o mundo”.
Lembrei da lição ao puxar o fio da crise econômica e suas repercussões na expectativa de reajuste dos servidores estaduais. Começa com a presidente Dilma descartando os remédios amargos que poderiam solucionar problemas mas com efeitos colaterais para a sua reeleição.
Fechada as urnas, tentou reassumir o navio, aumentando impostos, combustíveis, a conta de luz, mexendo nos direitos dos trabalhadores, cortando investimentos, e tudo isso sem enxugar a máquina pública. Apesar do anúncio de corte, continuamos com 39 ministérios e milhares de cargos em comissão ocupados por afilhados de políticos.
Por isso, terminamos 2015 com inflação de 10,67%, a taxa Selic em 14,25%, a conta de energia em média 51% mais cara e queda no consumo de 1,8%, desemprego maior, renda menor, tanto que as vendas no comércio caíram 7,8%. A poupança registrou a maior fuga de recursos da história. O PIB ainda não saiu, mas a previsão é de retração de 3,5%.
Mais efeitos: sem renda, o cidadão não compra; sem consumo, cai a receita pública; sem o dinheiro dos impostos os Estados terão que cortar gastos. Quem já extrapolou os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal com pessoal, tem prazo para se reduzir despesas ou ampliar suas receitas.
O governador Ricardo Coutinho foi previdente e desde setembro de 2015 aprovou aumentos nas tarifas do ICMS (sobre a caríssima gasolina agora é de 27%), elevou em 25% a do IPVA e escalonou a do ITCD, que pode chegar a 100%. Todos entraram em vigor neste 2016.
São essas medidas que aumentam as receitas e o fato de que foram gastos em 2015 mais de R$ 600 milhões com comissionados, prestadores e “codificados”, que levam o Fórum dos Servidores a afirmar que o Estado pode dar aumento, sim, aos servidores efetivos. Não aceitam ser penalizados para garantir os empregos de indicação política.
Se Ricardo Coutinho não tiver números, além de argumentos, deve se preparar para as reações. O bolso é área muito sensível.
TORPEDO
A candidatura está selada. Recuei no PMDB em 2004, em 2008, em 2012 em nome de estratégias do partido, mas acho que em 2016 chegou a minha vez.
Do deputado Manoel Júnior, sobre a decisão de concorrer à Prefeitura de João Pessoa nas eleições deste ano.
Dois coelhos
O vice-presidente da República, Michel Temer estará em João Pessoa no dia 27. Vem em campanha pela recondução à presidência do PMDB e vai referendar a candidatura do aliado Manoel Júnior a prefeito da capital.
Olho nos votos
A convenção do PMDB está marcada para março e vai decidir posição em relação ao governo Dilma. Temer se antecipa ao movimento da ala governista, que ensaia lançar candidatura para destroná-lo do comando.
Prestígio
A previsão é de que Temer chegue pela manhã, almoce com congressitas, prefeitos, vereadores e pré-candidatos e depois siga para Natal (RN). Manoel diz que ele privilegiou a Paraíba em respeito a José Maranhão.
Bom reforço
A visita de Temer atrairá atenções e fortalecerá a candidatura de Manoel Júnior, que espera unir as oposições em torno do seu nome. Acha que é possível aliança com PSDB, e cita ainda como alvos PP, PTB, PT e PROS.
ZIGUE-ZAGUE
+ A delação de Nestor Cerveró detonou Lula, mas complica mesmo é a vida de Dilma. O PSDB vê mais provas para o TSE cassá-la por financiamento ilícito.
+ O CNJ selecionou 36 projetos de 14 tribunais para a 1ª Maratona do Processo Judicial Eletrônico. Desses, cinco são oriundos do Tribunal de Justiça da Paraíba.