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A p?tria de chuteiras

O dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues costumava repetir em sua coluna intitulada “À Sombra das Chuteiras Imortais”, publicada diariamente em O Globo nos anos 60, que a Seleção Brasileira representava “a pátria de calção e chuteiras”, conceito que definia o sentimento nacional em relação ao escrete brasileiro. Da minha infância na Cesário Alvim, jogando futebol de botão com os meus irmãos ou nas peladas de rua com os meus amigos, até os dias de hoje, sempre fui um apaixonado pelo “esporte bretão”.

De uma geração que viu Pelé e Garrincha, que assistiu pela TV o tricampeonato do México , o tetra nos Estados Unidos e o Penta no Japão, além de muitas outras conquistas, estou entre os que brigam com a esposa na disputa pelo controle remoto da televisão nos programas esportivos e nas transmissões dos jogos, sejam no Brasil ou no exterior. Gosto de acompanhar tudo, de rever os gols e ouvir os comentários dos narradores e jornalistas especializados.

Na Copa do Mundo, então, essa paixão explode definitivamente. Choro, grito, xingo, sofro, vibro e me emociono até às lágrimas com a vitória ou com a derrota. Me visto de verde e amarelo da cabeça aos pés, tomado por um sentimento que me envolve e faz aflorar todo o meu amor pela minha pátria e pelos meus compatriotas. “Eu sou brasileiro, com muito orgulho e com muito amor”, faço coro com a musica que vem das arquibancadas.

No momento do Hino Nacional, fico com os cabelos arrepiados e durante a partida me entrego a luta como se estivesse em campo. Chuto a bola com os jogadores, me abraço com eles, me indigno e me exalto com o juiz e sofro com as suas angústias e ansiedades na hora da cobrança de um pênalti. Desta vez, no heróico triunfo com o Chile, decidido nas penalidades máximas, me concentrei no Júlio Cesar, o goleiro da nossa seleção.
Lá estava ele com a responsabilidade de garantir a permanência ou não do Brasil na maior festa do futebol mundial. Nos ombros, o peso de representar mais de 200 milhões de brasileiros no momento mais dramático de sua carreira. Ainda antes do início da decisão, os seus olhos marejavam de emoção. Homem de fé nos prodígios de Deus e de Nossa Senhora, colocou atrás da linha fatal um terço que lhe havia sido entregue pelo goleiro reserva, seu substituto eventual. “ Ela irá lhe proteger e a todos nós”, garantiu.

Com duas defesas espetaculares e a ajuda da trave abençoada, Julio Cesar se transformou em herói nacional. E eu, agradecido, rezei baixinho: Salve Rainha, mãe de misericórdia, vida , doçura, esperança nossa, salve!

 

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