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Água sanitária pura não mata coronavírus, alerta professora

Com o temor de infecção pelo novo coronavírus, causador da Covid-19, ou da chance de o vírus entrar em casa, as pessoas podem estar usando produtos de limpeza, como água sanitária, ou misturas de forma errada para desinfecção, o que ocasionaria problemas de saúde, sem matar o patógeno.

Contra os riscos, a engenheira química Maria de Fátima Nascimento de Sousa, professora do Departamento de Química da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), alertou para cuidados e como deve ser o uso de produtos para limpar ambientes e superfícies. Segundo a professora, a água sanitária pura não destrói o novo coronavírus. “O que o destrói é uma substância chamada ‘ácido hipocloroso’, após diluição da água sanitária com água”. Veja abaixo como diluir o produto.

“Ao misturar produtos de forma errada, a pessoa estará criando um terceiro produto, com uma reação química não planejada, por falta de conhecimento, que pode levar a um atendimento de urgência. Podem se originar substâncias novas que podem sufocar”, alerta Maria de Fátima.

Misturar água sanitária com produtos que promovem a limpeza pesada, à base de amoníaco, resulta numa reação química violenta. Essa mistura acaba gerando vapores perigosos para o sistema respiratório, trazendo outras complicações por apresentar grau elevado de toxicidade e potencialmente explosiva.

A professora pede ainda que as pessoas não misturem álcool em gel com água sanitária. “Nunca devem ser misturados porque resulta na formação do ácido muriático e clorofórmio, prejudiciais aos olhos, pele, sistema nervoso, pulmões e até rins e fígado. O clorofórmio pode levar à perda da consciência, a enjoo e até mesmo à morte”, alertou.

Como diluir a água sanitária

As medidas abaixo servem para água sanitária com concentração de cloro ativo entre 2% e 2,5%, o que deve ser observado na embalagem. “Se não estiver escrito, não compre o produto”, diz Fátima. Para higienizar máscaras, depois que elas forem lavadas com água e sabão, a professora pede que sejam mergulhadas na solução ‘2’ de hipoclorito de sódio por 15 a 20 segundos.

Solução 1: concentração de 0,1%

Fátima explica que essa diluição é ideal para desinfectar áreas abertas, pisos, sanitários, solas de sapato, torneiras etc. Quanto às mãos, há restrições porque pode afetar a pele de quem é sensível ao produto ou tem reação alérgica.

  • Em um recipiente de 1 litro, coloque mais da metade de água potável;
  • 50 ml de água sanitária (um copinho de cafezinho);
  • Complete o volume com água até 1 litro;
  • Agite, rotule e armazene em armário fechado.

A mistura tem que ser mantida fechada, protegida da luz, do sol, dentro de um armário e fora do alcance de crianças. “O ácido hipocloroso não evapora dentro da embalagem fechada”. Segundo ela, essa solução, após diluição, estará a uma concentração de 0,1%, indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para combater o novo coronavírus.

Diluição 2: concentração de 0,05%

Para higienizar as mãos, caso haja indisponibilidade de álcool em gel ou de água e sabão, essa diluição pode ser usada, mas em uma frequência menor. Ela pode servir também para limpar mesas, chaves, maçanetas, sacolas de supermercado, embalagens de produtos. Para as mãos, vale o mesmo alerta referente à diluição anterior: pode afetar a pele de quem é sensível ao produto ou tem reação alérgica.

  • Em um recipiente de 1 litro, coloque mais da metade de água potável;
  • 25 ml de água sanitária (meio copinho de cafezinho);
  • Complete o volume com água até 1 litro;
  • Agite, rotule e armazene em armário fechado.

De acordo com Fátima, essa solução estará a uma concentração de 0,05%, também indicada pela OMS.

Misturas devem ser na quantidade certa

Uma solução preparada com quantidades diferentes dos produtos não mata o vírus, diz a professora. “Não adianta colocar mais água sanitária, nem menos. Quem mata o vírus é o ácido hipocloroso, produzido depois da diluição na água, na quantidade correta”.

Para que o produto aja, é necessário passar um pano umedecido com a solução em tudo o que vem de fora de casa. “Tem que deixar a solução agir por 15 a 20 segundos”, pede a professora. “Pequenos atos impedem o coronavírus de entrar em sua casa”.

Ambientes públicos

Atravessar jatos de pulverização vai contra a orientação dos Conselhos de Química Regionais e Federal. “Não há garantia de desinfecção completa passar por um jato desses. A desinfecção ocorre se a solução é pulverizada sobre a superfície e age por 15 a 20 segundos”, alerta a professora.

O Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste reforça aos Estados da região a recomendação de implementar um “programa de desinfecção de lugares públicos, de veículos de carga e de veículos de passeio por meio de processo de sanitização preventiva em pontos da cidade com maior circulação pública”.

Junto com uma equipe de professores do Departamento de Química da UEPB e representantes do Conselho Regional de Química (CRQ), a professora Fátima visitou ambientes como postos da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar, da Secretaria de Saúde de Campina Grande e outros locais públicos, além de entidades filantrópicas, comunidades de baixa renda urbanas e rurais, para doar álcool em gel 70% produzido pelo Departamento, numa ação conjunta com o CRQ XIX Região, e orientar os trabalhadores da linha de frente.

Saiba mais sobre o novo coronavírus na cobertura do Portal Correio:

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