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Apologia a bandidagem

Bruno, o goleiro assassino que mandou matar a mãe de seu filho e deu partes do corpo para os cães, saiu da prisão.

É um homem livre, com direito a ir e vir pelas ruas do País.

Ele, aliás, não está apenas em liberdade. Está, também, ocupando espaços generosos da mídia.

Atraindo curiosidade. Ganhando notoriedade.

Sendo recebido com amor, emprego e tolerância aqui fora.

Bruno está rapidamente se inscrevendo numa vasta galeria de facínoras – cujo catálogo inclui tipos como Suzane Von Richthofen, os Nardoni e Guilherme de Pádua – que ressurgem do sangue de suas vítimas para o estrelato social.

Um fenômeno que só é possível em um País que insiste em uma inconcebível, inacreditável e injustificável cultura de hiper valorização dos bandidos e da bandidagem.

E não vou dourar a pílula: isto depõe grandemente contra nós mesmos.

Por que cultuamos tanto nossos vilões de cada dia?

Por que seus feitos nos atraem?

Por que compramos revistas e jornais com seus rostos estampados e os colocamos no topo dos assuntos mais pesquisados em ferramentas como o Google?

A resposta elementar é porque aceitamos conviver com o mal.

Uma aceitação intrínseca, que se manifesta na manutenção não apenas dessa galeria nefasta, mas também na aceitação de um sistema penal que caducou diante da criativa e massiva fábrica da maldade.

Um código ultrapassado de leis que pune como uma mãe permissiva uma prole que jamais deveria sair do cárcere de seu ventre.

Como alguém que matou os próprios pais pode voltar à sociedade?

Como aceitar dividir a fila da padaria com alguém que deixou o próprio filho órfão de mãe, oferecendo seu seio às feras?

Repetindo a obviedade:

Porque, subliminarmente, absolvemos nossos algozes. E nos apegamos ao mal.

Trata-se de uma síndrome de Estocolmo coletiva, que nos impele a entender e acolher nossos queridos bandidos, sempre tão misteriosos e atraentes aos nossos olhos.

Nem Deus perdoa tanto. Pois, como sabemos, o filtro do céu é poderoso.

O nosso é danificado.

Pelas brechas de nossa doentia benevolência, tragamos essa dose cavalar de maldade.

Os efeitos colaterais são dantescos.

O principal deles é a difusão da cultura da impunidade. E do perdão para quem jamais o mereceu.

É inaceitável, por exemplo, fazermos festas para corruptos.

Uma sociedade que não extirpa seus males, e se afeiçoa a eles, aceita um risco crucial:

O de ser a próxima vítima!

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