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Ato sublime

Tenho tido uma vida privilegiada, graças a Deus.

Ao longo dessas quase sete décadas, vivi experiências fantásticas. E a maioria delas positivas (até porque, defensivamente, deleto os episódios ruins).

Dou exemplos dessa boa ventura:

Adoro o mar – e acumulo, neste currículo do bem, grandes velejadas.

Adoro o ar – e, já aos 18 anos, conquistei um ansiado brevet para velejar no espaço.

Adoro competir – e, atrás de volantes possantes, vivi grandes emoções nas pistas.

Empresarialmente também sigo com essa sensação de privilegiada ventura. De sorte trabalhada. De felicidade conquistada.

Para além das conquistas, me contenta a largueza das experiências que tenho acumulado no empreendedorismo. Posso dizer que já vivi de tudo muito no universo empresarial. Em todas as etapas; em todos os setores.

Já experimentei, por exemplo, o prazer de um anoitecer numa propriedade rural, avistando com satisfação o gado pastando em uma capineira recém plantada.

Também experienciei emoções fortes na ambiência industrial – desde a escolha, aos 22 anos, daquele primeiro terreno onde instalaria meus sonhos, até a implantação complexa de fábricas. E lhes digo: poucos concertos têm, aos ouvidos de um empreendedor, a musicalidade de um equipamento operando a pleno vapor.

Ainda tenho para contar os ensinamentos que colhi como prestador de serviços em consultoria econômica, recém saído dos bancos universitários, ao lado do mestre Cristovam Buarque, que mais tarde seria meu colega no Senado Federal.

Além, claro, das emoções, em altíssimas voltagens, que acumulo na imprensa desde que decidi dar seqüência aos sonhos de Teotônio Neto – entre as quais a de estar escrevendo neste local, neste momento.

De tudo o que vivi, porém, preciso destacar a intangível sensação de estar atrás do balcão do comércio.

Especialmente o ato sublime da venda.

O aperto de mãos seguido do sonoro “fechado!” é o clímax dessa operação – os 360 graus de todo um negócio acontece ali.

Comércio envolve sedução, convencimento. E até uma boa dose de psicologia.

Envolve, principalmente, entrega. Bons vendedores têm prazer em vender.

Eles se felicitam com a venda como os poetas se aprazem dos poemas. Ou como os músicos se comovem com suas composições.

O produto vai, o dinheiro fica. O estoque é renovado, junto com a esperança de que, mais uma vez, deste lado de cá do balcão, o ato sublime se repita.

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