O “Projeto” em Cena”, que acontece no Teatro Candido Mendes, apresenta seu primeiro espetáculo: “Mascar(ar)”, um solo performático do ator paraibano Martin Vallio, que investiga o tema masculinidades. Inaugurado em agosto, o projeto foi idealizado pelo produtor cultural Thales Huebra e a cada terça feira exibirá produções recém-nascidas, como forma de abrir caminhos para novas criações artísticas. Neste dia 13, às 20h, Martin Vallio levará ao palco as vivências, imposições e questionamentos que surgem ao se tornar homem em uma sociedade patriarcal.
Através de uma fusão de linguagens artísticas – dança, música, canto, ritual e teatro, o espetáculo explora estereótipos de gênero, investigando questões como vulnerabilidade, direito às emoções e à diversidade de expressão dentro do universo
masculino. A dramaturgia é guiada por um personagem fictício, mas parte das vivências do autor/ator no Sertão da Paraíba.
“Ao longo da minha vida eu passei por experiências que me fizeram entrar em
conflito comigo mesmo por não me encaixar nos padrões do que dita a “caixa masculina”.
Os meninos ao meu redor sempre pareciam ver as mulheres como um pedaço descartável de carne e desprezar tudo que remetesse ao feminino – como o meu cabelo grande. A forma de resolver conflitos sempre apelava para a violência física, verbal e por vezes psicológica, e as emoções eram uma zona de perigo que ameaçava a virilidade”, comenta Martin.
Do Sertão da Paraíba, a 400km da capital, Martin aprendeu a agarrar com unhas e dentes toda e qualquer expressão artística que pudesse estar envolvido. Passou pela moda, e hoje dança, canta, atua, dirige e produz. Mas também já trabalhou como barman, fez freelas e foi CLT para bancar o sonho de viver de arte. “Entendi que o glamour é apenas a ponta de um iceberg e que não representa a realidade de 99% daqueles que sonham em conquistar espaço nesse mercado”, revela.
Conseguiu realizar o sonho de estudar na CAL (Casa de Artes de Laranjeiras) graças a uma campanha que iniciou na sua cidade para arrecadar o valor das mensalidades
de primeiro período. “Eu estava disposto a buscar todos os meios para fazer o sonho se tornar algo concreto. Em menos de 30 dias, graças ao apoio da população do sertão paraibano, amigos, familiares, conhecidos, desconhecidos, consegui arrecadar parte do valor que precisava. Por causa deles, a semente de sonho que foi plantada em mim agora floresceu”, lembra. O espetáculo “Mascar(ar)” foi concebido dentro da CAL e apresentado no festival da escola (FestiCal) e no FESTU, conquistando uma ótima recepção do público.