Avesso ?s luzes da ribalta

O Teatro Severino Cabral, em Campina Grande, por iniciativa do médico Sabino Rolim, está expondo uma coleção de fotografias em homenagem ao cientista, poeta e médico Bezerra de Carvalho. A exposição retrata sua extraordinária figura humana, sem esquecer, em meio a tantas atividades, que foi ele o primeiro a revelar fotos coloridas naquela cidade.

Em cada foto exposta, há dois textos escritos: um do dr. Everaldo Lopes, e o outro do dr. Bezerra de Carvalho, que o escreveu sob os pseudônimos Çula Simões e Seno Becalho. Esclarece, ainda, o dr. Sabino Rolim, que as fotos foram tiradas há oito anos na residência do seu colega, exigindo este não aparecer no momento da captura das imagens.

Quem leu o livro de poemas do dr. Bezerra de Carvalho, Imorredoura Fênix, edição de 2013, projeto gráfico de Thiago de Mello e prefácio da doutora Valéria Bezerra de Carvalho, não se surpreende com essa sua rejeição às luzes dos flagrantes fotográficos e a outras por ele consideradas supérfluas. Evitava o desperdício de tempo, aproveitando-o em atividades nobres que deleitassem seu espírito criador.

Quem se abeberar nos estudos feitos pelos escritores Evaldo Nóbrega, Ricardo Maia, Sebastião Ayres e Sérgio de Castro Pinto, sobre esses seus poemas, e os queprivaram da sua convivência, não estranham esse seu comportamento avesso às luzes da ribalta.

Ao lhe comunicar a outorga do título de cidadão paraibano, quando deputado estadual, Dr. Bezerra, agradecendo a homenagem do Poder Legislativo, justificou sua ausência como já sendo portador de todas as honrarias a que tivera direito.

Ele será sempre lembrado, não por suas plausíveis recusas, mas pelo grande bem que soube partilhar com os seus clientes, alunos, colegas de profissão e, afinal, com a Medicina, atento à nobreza exigida para seu desempenho.

Foi um homem-homem, na expressão do PadreAntônio Vieira, desprezando o supérfluo e valorizando o verdadeiro sentido da vida. Este, seu maior legado.