Parece, mas não é a mesma estratégia usada pelos aliados de Ricardo Coutinho para adiarem uma CPI do Empreender. Nesse caso, os registros da Assembleia respaldaram o discurso do presidente Adriano Galdino, de autorizar instalação seguindo a ordem cronológica dos requerimentos, como determina o regimento interno.
Na Câmara não há nenhuma dúvida de que não existia outra protocolada antes da que propõe investigação de suposto desvio de R$ 10 milhões das obras da Lagoa. Ignorar esse fato e privilegiar novas propostas, com o objetivo de inviabilizar a primeira, só reforçaria o discurso contra o prefeito Luciano Cartaxo (PSD).
As três novas CPIs, registradas ontem pela base de Cartaxo, têm como alvo o ex-prefeito e atual governador Ricardo Coutinho (PSB). Pretendem equilibrar o jogo, garantir holofotes também para aquele que será o avalista de João Azevedo, o adversário que contará com todo o poder de fogo do PSB, que se não inspirou, vai se beneficiar da ação contra Cartaxo.
Se a oposição, que tem apenas cinco vereadores, surpreendeu com a CPI da Lagoa, para a qual precisava do apoio de nove, a bancada de Cartaxo tem votos para aprovar o que quiser. Assim, pelo menos duas das CPIs que protocolaram – na Câmara só podem funcionar três ao mesmo tempo – são certas.
Os requerimentos são para a CPI da Desk (o vereador Dinho Dowlwy explica que é para investigar a compra de equipamentos que em dois anos estavam inutilizados e foram “vendidos a centavos”, com grande prejuízo pela PMJP), a CPI do Livro (supostas irregularidades na compra de material escolar) e a CPI da Cagepa (estaria jogando esgotos e poluindo os rios da Capital).
O vereador Renato Martins (PSB) garantiu que assinará todas, pois seu partido e seu líder não têm nada a temer. Postura inteligente. Contudo, não vai evitar as balas trocadas se o presidente da Câmara, Durval Ferreira garantir as investigações propostas pelos dois lados.
As CPIs poderão levar à polarização da sucessão entre PSB e PSD – o que é bom para eles – mas terá custo: seus líderes estarão expostos.
Torpedo
“Várias tentativas foram elaboradas no ano passado e, vejam só: derrubadas pela própria bancada do prefeito. Portanto, quem empurrou esse debate para o ano eleitoral? Foram aqueles que desejam investigação ou foi a própria prefeitura?”.
Do vereador Raoni Mendes (PDT), respondendo à nota da PMJP que considera a CPI da Lagoa como eleitoreira.
Ataque…
A deputada Estela Bezerra (PSB) centrou fogo no prefeito Luciano Cartaxo, cuja gestão avaliou como “pífia”. Disse que perdeu R$ 288 milhões que a gestão de RC conveniou para implantação do BRT na Capital.
… pessebista
E defendeu a CPI da Lagoa: “Temos que ter investigação para apurar como se tira 200 mil toneladas de lixo da Lagoa. É preciso esclarecer porque esse é lixo que não se produz em um ano no Estado de São Paulo”.
Na Assembleia
O lixo retirado da Lagoa pode ser investigado também pela Assembleia, especialmente se houver atropelos na Câmara. A bancada de Ricardo, que é majoritária, já têm reunião marcada para discutir os aspectos legais.
Bate, rebate
Artur Filho (PRTB) e Anísio Maia (PT) voltaram a trocar farpas por conta de Sérgio Moro. O petista aponta que juiz não tem pressa de julgar Caso Concorde. Artur defendeu punição de todo culpado e da homenagem.
Zigue-Zague
O senador Aloysio Nunes (PSDB) protocolou PEC, com apoio de 27 senadores, que institui o parlamentarismo no Brasil. Acha que é a solução para a atual crise.
A Comissão Especial do Senado aprovou a legalização dos cassinos, proibidos desde 1946, e também do jogo do bicho e bingos. Agora vai para o plenário.