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Balaustrada com mais de 100 anos está abandonada em JP

Um monumento de mais de 100 anos jogado às traças. Essa é a atual situação da balaustrada situada na Rua das Trincheiras, em Jaguaribe, João Pessoa. O monumento foi construído em 1918, durante o governo de Camilo de Holanda (1916 – 1920), mas o descaso do poder público fez com que o local, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estado da Paraíba (Iphaep), conviva com o abandono.

O Portal Correio esteve no local após sugestão de um internauta e conferiu a situação de abandono. Pichações, inclusive de facções criminosas, e vegetação alta tomam conta do ambiente. Até um busto que havia no lugar foi arrancado. Veja no vídeo abaixo:

Segundo o Iphaep, a construção tinha o intuito de separar o bairro do precipício que o margeia, oferecendo, assim, proteção aos caminhantes e a vista para a várzea e a Ilha do Bispo.

Além da balaustrada, são tombados pelo Iphaep os mais de dez casarões localizados no entorno. Segundo o Iphaep, o local marcou uma das áreas residenciais de maior prestígio da cidade do período, mencionada como uma vitrine da Belle Époque paraibana, repleta de edifícios ecléticos, dotados de refinamento estético, com composições arquitetônicas europeias, trazendo elementos do Art Nouveau, por exemplo.

Prefeitura afirma ter projeto

A secretária municipal da infraestrutura, Sachenka da Hora, afirmou que já existe um projeto de recuperação para aquela área, mas não falou em prazos. Já a Secretaria de Desenvolvimento Urbano informou que as ações de manutenção ocorrem de maneira programada, mas que o vandalismo tem sido o grande vilão da Secretaria em muitas situações. O órgão informou ainda que a equipe de paisagismo esteve no local pouco tempo antes da apuração do Portal Correio. Apesar disso, o que a reportagem pôde conferir foi a vegetação alta no espaço.

Sobre a balaustrada

Em edição do dia 27 de setembro de 1998 do jornal A União, o jornalista Guilherme Cabral escreveu as seguintes palavras sobre o local:

“Em estilo neoclássico, a balaustrada é fruto de melhoramentos que iniciaram as mudanças no aspecto colonial da cidade. Sendo composta por bancos bem trabalhados, distribuídos harmoniosamente, embelezando a ‘rotunda’ da Balaustrada das Trincheiras, apoiada firmemente sobre uma muralha de sustentação, em pedra calcárea, eliminando a idéias de abismo existente na área”.

De acordo com o Iphaep, a Rua das Trincheiras, eixo onde se localiza a Balaustrada, passou a ser muito valorizada a partir da última década do século XIX (19), em que foi instalado um sistema de bondes movidos à tração animal (burros) que percorriam diferentes pontos da cidade, atraindo grandes empresários e comerciantes devido às amplas áreas disponíveis para se construir mansões, porque havia preocupação com conforto e higiene, sendo essas edificações compostas por amplos jardins e espaçamento entre as fachadas.

Nas décadas seguintes, com a expansão da cidade na direção leste, a Rua das Trincheiras iniciou um processo de desvalorização e os belos casarões residenciais passaram a ser abandonados, e com isso, a balaustrada também passou a ser menos frequentada.

Ações do Iphaep

Em resposta à solicitação do Portal Correio, o Iphaep afirmou que trabalha com fiscalizações constantes, procedendo com trâmites administrativos e judiciais, quando cabível, cobrando dos responsáveis pelos bens protegidos a sua conservação.

Ainda segundo o órgão, a Balaustrada, de propriedade e responsabilidade da Prefeitura Municipal de João Pessoa, passou por manutenção em 2016, compreendendo serviços de pintura e recuperação de bancos e meio fio.

O órgão afirmou que, em parceria com a Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur), está elaborando um projeto para manutenção dos monumentos públicos de João Pessoa, em que agentes de limpeza passarão por uma capacitação para procederem limpeza de esculturas, bustos e monumentos em geral, localizados em praças e demais locais públicos, sob supervisão e fiscalização dos restauradores do Iphaep.

O Iphaep adiantou que está preparando o inventário de bens móveis públicos de João Pessoa, em atendimento a uma demanda do Ministério Público (2ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente e Patrimônio Social de João Pessoa), o que garantirá uma atualização dos dados referentes a esses monumentos.

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