O bombeamento da água da transposição do Rio São Francisco foi retomado no último dia 4 de julho e está em fase de testes, que durarão 60 dias. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (16) pela prefeita de Monteiro, Ana Lorena, a cidade que é “porta de entrada” para a água do São Francisco na Paraíba. Em Monteiro, a água do eixo leste chega de Pernambuco e é distribuída na Paraíba.
Segundo Ana Lorena, o secretário Nacional de Segurança Hídrica do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Marcelo Pereira Borges, confirmou a retomada do bombeamento ao responder um ofício encaminhado pela Prefeitura de Monteiro.
Sobre os problemas identificados em fiscalização do Ministério Público Federal na Paraíba (MPF) nos canais da transposição, o secretário informou à prefeita que existe um consórcio operador responsável pela pré-operação, manutenção, gestão ambiental, conservação e vigilância patrimonial das instalações de construção civil, dos equipamentos e dos sistemas elétricos, mecânicos e hidromecânicos da transposição. Segundo o secretário à prefeita, entre as atribuições desse consórcio estão a realização de serviços de manutenção do canal, entre eles a retirada da vegetação em torno do canal e a realização de reparos nas placas de concreto.
O secretário teria afirmado ainda que o bombeamento do eixo leste da transposição encontra-se em pré-operação e pode surgir a necessidade de serviços de manutenção e reparos nos canais e estruturas – o que interrompe o bombeamento, mesma informação repetida várias vezes pelo MDR sobre os problemas com a transposição.
O presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), Porfírio Loureiro, foi procurado para explicar quando a água deverá chegar aos reservatórios da Paraíba, como o açude de Boqueirão, mas ele não atendeu os telefonemas na manhã desta sexta-feira (16). Por estar em fase de testes, o bombeamento poderá ser desligado novamente depois do prazo de 60 dias, dependendo dos resultados operacionais.
O açude Epitácio Pessoa, que fica na cidade de Boqueirão e abastece Campina Grande e outras cidades da região, está com 22,26% da capacidade e segue perdendo volume por causa da falta de chuvas e do desligamento do bombeamento da transposição.
“Na nota que nos foi enviada, o Secretário Nacional disse que as interrupções temporárias no bombeamento não afetam a segurança hídrica da população da região de Campina Grande, que é atendida pelo Açude de Boqueirão, porém, não é só Campina Grande que necessita dessa água, nosso município e vários outros da região também precisam, tendo em vista que os principais reservatórios da nossa região já estão entrando no volume morto, e as chuvas que caíram esse ano não foram o suficiente para encher nossos açudes, então, esperamos o retorno imediato das águas do Rio São Francisco para nosso estado”, disse a prefeita de Monteiro.
O bombeamento do eixo leste da transposição estava suspenso desde fevereiro deste ano por causa de um problema na obra em Pernambuco. A partir de então, a Paraíba deixou de receber água do São Francisco e voltou a enfrentar o risco de colapso no abastecimento de água em várias cidades do estado.
A obra inaugurada em 2017 e que prometeu resolver definitivamente a crise hídrica em parte do interior da Paraíba, acabou se transformando em um conjunto de problemas. No Sertão do estado, a água já deveria estar enchendo reservatórios, mas a previsão é de que essa região só tenha água do São Francisco em 2021.