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Caminhando com dinossauros II

A Apple – gigante da tecnologia mundial – acaba de lançar o HomePod, dispositivo que abre um leque novo de interação entre homem e máquina.

Para começo de conversa, podemos falar com o equipamento. Pedir, por exemplo, a música que deseja ouvir.

– My Way com Frank Sinatra, por favor!

O por favor fica por minha conta, claro. As máquinas até dialogam, mas (ainda) dispensam estas mesuras.

Logo os acordes ecoam casa adentro – com qualidade cristalina, pois os sete tweeters que compõem o equipamento analisam e se adaptam ao ambiente, maximizando a acústica.

A máquina em epígrafe também gerencia os equipamentos domésticos – desde a temperatura do ar condicionado até o time do despertador.

Tem mais:

Acende e apaga as luzes. Recebe notificações de celular. Traduz frases em cinco idiomas. Controla a geladeira. E se a Apple caprichar mais um pouquinho, logo estará preparando o jantar.

O lar doce lar está conectado!

Esse mordomo pós-moderno foi batizado com o singelo nome de caixa de som.
Não foi por falta de inspiração.

Vender esse serviçal high tech como “caixinha de som inteligente” foi uma ação planejada para que o homem não estranhe nem se desentenda com sua nova máquina.

Pois o que eu apenas desconfio, a Apple tem certeza: não são apenas velhos dinossauros tecnológicos, como eu, que têm dificuldade para acompanhar o ritmo vertiginoso da evolução digital.

Rigorosamente ninguém – nem os que estão no topo da cadeia tecnológica – está preparado para o que está acontecendo. E na velocidade em que ocorre.

Como disse antes – e agora repito – até mesmo quem já nasceu no berço da tecnologia sente em algum momento essa sensação jurássica que me persegue full time.

E quando se trata da geração pré-histórica, então, o fosso tecnológico é abissalmente mais embaixo.

Pois a despeito de todo o esforço que venho empreendendo para destituir essa jurissidade constante, e não virar peça de museu em vida, meus olhos – que abriram num mundo complemente diferente, onde não havia sinal de TV nem telefone celular – simplesmente se arregalam diante de tanta novidade.

Meus relacionamentos bancários, por exemplo, estão enfrentando profunda crise.

Antigamente, segurança máxima era o aperto de mão do gerente. Até ele, porém, se virtualizou. E tudo pode ser operado a partir de um Ipad.

Pode ser prático, mas continuo achando estranho.

Não tenho vergonha de confessar que outro dia fiquei pelo menos meia hora com um dispositivo token nas mãos sem entender que ele me daria uma combinação aleatória de números para tornar minhas operações bancárias mais seguras.

Um amigo ex-piloto de Fórmula 1 – coitado – enfrenta problema pior.

Por sentimentalismo, ele comprou o monoposto em que corria. Mas não pode sequer dar partida na máquina – todos as funções são controladas pela tecnologia disponível (apenas e tão somente) nos boxes da F1.

O que me mantém firme e forte nessa caminhada com velhos e bons dinossauros tecnológicos é que – pelo menos até aqui – a modernidade ainda pode ser controlada.

Basta desligar a tomada!

E tudo os que nos rodeia – todo esse arsenal techtudo – terá vida muito curta. A brevidade de uma bateria.

Ainda estamos (não sei até quando) no comando!

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