Com influências da música mineira e do swing da música baiana, o cantor e compositor Lucas Dourado lançou virtualmente, em setembro do ano passado, seu registro de estreia. Desde então, o CD está disponível para download gratuito no site do cantor. Agora em janeiro, o Motor Misterioso será apresentado ao vivo pela primeira vez ao público, na próxima quinta feira, dia 30, sendo comercializado ao valor de R$ 10. O show acontece no Vila do Porto, localizado no Centro Histórico, a partir das 21h, e tem entrada gratuita, com limite de 350 pessoas.
O álbum traz nove faixas autorais, sendo duas parcerias com sua esposa, a atriz Polly Barros, e uma com a poeta Renálide Carvalho. Foram quase dois anos em estúdio em um processo de gravação que começou de forma independente por meio de recursos próprios. O apoio do Fundo Municipal de Cultura, por meio da Prefeitura de João Pessoa, em 2012, possibilitou a finalização e prensagem de mil cópias do CD.
O seu show autoral já foi realizado três vezes em João Pessoa, porém sem a sonoridade apresentada no disco, que contou com a produção musical de Haley Guimarães, integrante da banda Burro Morto e um dos responsáveis pelo Estúdio Mutuca, onde as composições foram gravadas. Para Lucas, a participação de Haley Guimarães foi fundamental para a sonoridade que o álbum adquiriu, desde os arranjos e timbres até a indicação da masterização, feita no Estúdio El Rocha em São Paulo.
Foto: Capa do CD ‘Motor Misterioro’
Além do próprio compositor, na voz, guitarra e violão; e do produtor musical, no teclado, sintetizador e guitarra; Motor Misterioso conta com Ruy José, na bateria; Chico Limeira, no contrabaixo, guitarra e cavaquinho; Helinho Medeiros, no teclado, sintetizador e acordeon; Uirá Garcia, na guitarra; Macaxeira Acioli e Pablo Ramires, na percussão; e Polly Barros, Érica Maria e Gabriel Pereira, nos vocais. Já no show do dia 30, a banda é composta por Rui José na bateria, Chico Limeira na guitarra, Daniel Jesi no contrabaixo e Renato Oliveira nos teclados.
Baiano, da cidade de Irecê, é em João Pessoa que Lucas Dourado trilha sua trajetória artística há sete anos. Residente na capital paraibana desde 2000, o projeto inicial da mudança de Estado era a graduação em Engenharia Mecânica, o que acabou se configurando em um diploma em Psicologia. Influenciado pela coleção de discos da sua casa e pelo violão do seu pai, aos treze anos de idade, Lucas descobriu o ritmo batucando com as mãos. Três anos depois, integrava uma banda de axé music, seu grupo de estreia na musica. Os primeiros acordes dissonantes surgiram e, com isso, a aproximação com a MPB. Até os 24 anos, o músico achou que não iria compor, porém, a partir do encontro com o improviso, Lucas percebeu que podia fazer música e, entre 2006 e 2007, compôs quinze canções, dentre as quais, seis delas estão em Motor Misterioso.
A Saga abre o álbum e foi a primeira canção do músico, que começou a compor por volta dos 25 anos de idade. Lucas comenta que a letra saiu com naturalidade enquanto fazia a harmonia e a melodia, e que a canção já veio carregada do imaginário sertanejo da sua infância. Ainda de acordo com o compositor, quando estava escolhendo o nome do álbum, Motor Misterioso foi a música que o representou naquele momento. A música título do álbum aponta para o que ele chama de aprisionamento simbólico que a maioria das pessoas vem sofrendo no mundo contemporâneo. “Estamos em um período histórico em que tudo está sendo revisto, porém a estrutura maior, a máquina, esse motor misterioso está a pleno vapor e, quem move suas engrenagens, somos nós, o povo”, explicou o músico.
Outras canções de destaque no CD são Barbante Prateado, Temparada, e Saravá e Quengo já conhecidas do público nas versões d’ A Troça Harmônica, grupo pessoense do qual Lucas Dourado é integrante. Mesmo tendo diversas influências musicais para a composição do álbum, o musico aponta que muito da inspiração veio das leituras realizadas sobre misticismo. Motor Misterioso reflete a visão de mundo de Lucas Dourado, o seu pensamento não localizado, o seu questionamento sobre os contornos que as relações sociais adquirem, o seu olhar de ser humano sem fronteiras.