O rompimento do PMDB deflagrou o processo. O ministro Jaques Wagner anunciou que o governo iria usar os cargos vagos – seriam mais de 500 – para atrair outros políticos para o esforço contra o impeachment da presidente Dilma. A partir daí, as estratégias ganharam nomes: a do “varejão” esquece partidos e privilegia contato direto com o parlamentar, enquanto a “liquidação” visa contemplar o “baixo clero”, os deputados sem destaque que não temeriam cobrança dos eleitores.
Infelizmente, não é argumentando sobre a inocência da presidente Dilma que seus defensores tentam conseguir votos para barrar seu impedimento. É oferecendo benesses, é distribuindo cargos públicos que são pagos pelos brasileiros já penalizados pela crise. Pior, não demonstram preocupação com a competência de quem vai ocupá-los, o que pode resultar em duplo prejuízo.
O debate é da política. Acusado de malfeitos, o governo deveria buscar o voto pelo convencimento da inculpabilidade, não em troca de afagos, de dádivas, de espaços de poder que foram entregues a um partido para fazer políticas públicas, nunca para barganhas.
Como bem disse a advogada Gisela Gondim Ramos ao comentar a fala de José Eduardo Cardozo, que na Comissão Especial da Câmara defendia a legalidade: “Um Estado de Direito é um estado submetido ao Direito, ou seja, às leis”. Discurso e prática precisam andar juntos.
Inacreditável é que governistas ainda divulgam o que têm, porque sabem que há demanda. Essa prática sobreviveu ao período dos coronéis e chegou aos nossos dias: é clientelismo, com as mesmas características, ou seja uso da máquina pública para garantir os interesses de políticos. A crise econômica é um pesadelo, mas o ajuste fiscal deu lugar ao mercado de cargoscuja conta, é claro, vai sobrar para o cidadão.
Será que os parlamentares acham que podem fazer esse tipo de acordo impunemente? Que o tempo – as eleições gerais ainda demoram dois anos – vai garantir que as escolhas de hoje serão esquecidas? Votar por convencimento é uma coisa, por oportunismo é outra. Podem descobrir que a segunda é imperdoável.
Torpedo
“Nós continuamos firmes com o nosso propósito de apresentar nosso nome para as eleições deste ano. Quem diz o contrário está blefando ou muito desesperado pelo nosso crescimento e a real construção de uma 3ª via na disputa de outubro”.
Do deputado Wilson Filho (PTB), garantindo que adesão de antigos aliados seus a Cartaxo não influirão em sua candidatura.
Nova equipe
A desincompatibilização dos que serão candidatos a vereador levou Luciano Cartaxo a ajustar equipe. O multifacetado Diego Tavares deixou Secretaria do Trabalho, onde fazia trabalho elogiado, e foi para a Secom.
Nome de valor
O jornalista Eduardo Carneiro aceitou convite para ocupar a Secretaria Adjunta da Secom. Ganham o prefeito e Diego Tavares, pois trata-se de profissional conhecido pela competência e caráter firme. Faz a diferença.
Experiência
Outras mudanças: o “coringa” Zennedy Bezerra voltou para a Articulação Política. O vereador Fernando Milanez foi para o Turismo, Abelardo Jurema Neto para o Meio Ambiente e Nilton Marinho Coelho, a Sedurb.
Sem pressa
João Azevedo (PSB), o adversário de Cartaxo, ainda não definiu data para deixar a super Secretaria que ocupa no Estado. Não tem pressa porque o prazo para quem é candidato a prefeito vai até 2 de junho.
Zigue-Zague
Com habilidade, o secretário de Articulação, Trócolli Júnior está reconstruindo pontes entre o governo e José Maranhão, entre PSB e PMDB. Mira o 2° turno.
O presidente do TJPB, Marcos Cavalcanti conduziu a última plenária do Fórum Orçamentário da Corte, que definiu prioridades e investimento em 2017.