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Casa em Marte: seria possível viver neste planeta?

Especialista diz como seria uma população viver em Marte comparado com a Terra

Recentemente vem repercutindo nas redes sociais e mídias, a Casa Marciana, construída na Grã-Bretanha, no Reino Unido, e aberta ao público com uma exposição simulando uma experiência real de como seria viver em um ambiente espacial, além de ressaltar uma cultura sustentável.

Contudo, a realidade da casa vem trazendo um questionamento à tona: “Seria possível viver neste planeta?”, ou mais, “podemos ter uma tendência futura de uma possível população em Marte?”.

Respondendo esses questionamentos, Marcos Rincon Voelzke, professor de astrofísica e ciências naturais e coordenador da pós-graduação em Ensino de Astronomia do EAD Unipê Campina Grande, lembra que Marte é um planeta do Sistema Solar considerado terroso com superfície rochosa, sendo o quarto a partir do Sol, vizinho da Terra e possui dois satélites naturais. “Ele possui uma fina camada atmosférica, composta principalmente por dióxido de carbono, nitrogênio e argônio. Um dia em Marte tem a duração de 24 horas e 37 minutos, praticamente igual a nossa, enquanto o ano marciano demora 687 dias, praticamente o dobro do ano na Terra”.

Em outros termos, o planeta Marte possui a metade do diâmetro da Terra. A massa também é menor e isso implica em uma gravidade marciana menor que a terrestre. Diante desse contexto, o professor destaca: “comparativamente, se uma pessoa sair da Terra e for morar em Marte, ela terá um peso cerca de 38% menor do que na Terra, porque a gravidade é pequena 3,71 m.s-2, enquanto aqui é aproximadamente 9,81 m.s-2”.

“Um fato interessante é que Marte não possui placas tectônicas ativas e tampouco registro de atividades vulcânicas recentes, o que é uma diferença entre a Terra e Marte, mas a crosta marciana, como a terrestre, está posicionada sobre um manto de silicato e resguarda em seu interior o núcleo formado por ferro, níquel e enxofre, ou seja, existe muita similaridade com nosso planeta”, ressalta.

Marcos aponta que inicialmente a vivência do ser humano em Marte seria complicada, mas que é possível devido à similaridade com a Terra. “A diferença seria que o ano marciano seria mais longo, ou seja, as estações do ano seriam duplicadas, porém passível de existência. Na teoria da terraficação, que é transformar Marte numa Terra futura, as primeiras ideias analisam a criação de silos nas cavernas levando-se muitas algas cianofíceas para geração, produção de oxigênio, porque essas algas liberam oxigênio e não o consomem. Evidentemente esse é um trabalho de centenas de milhares de anos.”

“A NASA já vem pensando caminhos para desenvolver uma população em Marte. Um exemplo é que eles já pensam em mandar daqui 10 a 20 anos uma equipe para lá, com a construção das bases lunares e laboratórios para que o pessoal fique alguns dias e a partir de muitas missões começarem a ampliar esses espaços, principalmente fazendo construções em possíveis cavernas a serem detectadas para a tripulação, e a equipe fugir da radiação. Como Marte possui uma atmosfera muito fina, as radiações infravermelha e ultravioleta atingem o solo com maior intensidade do que aqui na Terra”, salienta.

Em termos de temperatura para viver em Marte, no geral, o planeta registra -60 °C. E, por conta da amplitude térmica, no inverno pode chegar a -125 °C. Já no verão, na área próxima ao Equador, as temperaturas chegam até 20 °C.

A tendência é cada vez mais simulações para desenvolver uma população em Marte. “Se a missão Artemis der certo, ano que vem será tripulada para ficar translacionando entorno da Lua, e daqui dois anos a ideia é mandar tripulação para que duas pessoas pousem na superfície lunar e comecem a construção de um silo teste, como base para futuros conhecimentos a serem aplicados em Marte. A grande preocupação é com a sociabilidade da equipe ao longo de muito tempo (pelo menos dois anos e meio). O grande problema é um possível acidente em Marte, pois a base terrestre não terá condições de auxiliar, porque se uma equipe saísse daqui para ajudar, demoraria aproximadamente seis meses (o trajeto até Marte)”, coloca.

Em contrapartida, já existem vários testes sendo realizados nos Estados Unidos e na Europa, com simulações de ambientes fechados com equipes de seis a oito pessoas isoladas, no qual as mensagens demoram o mesmo tempo que seriam recebidas em Marte e com equipamento único e exclusivamente de autosubsistência, então reutilização dos líquidos, da água, do oxigênio.

“Algumas missões tiveram sucesso, outras não. As que não obtiveram sucesso, foi por conta de problemas psicológicos da equipe, ficaram confinadas por muitos meses, sem contato com o exterior e reproduzindo ao máximo as condições da superfície marciana, ou seja, eles não podiam sair dos silos em que estavam e tinham em pouco espaço que socializar com outras pessoas. Esse foi o grande problema. Em um dos testes, o gás carbônico aumentou tanto que induziu uma maior agressividade da equipe, então as casas-teste que estão sendo construídas visam, principalmente, avaliar o comportamento dos seres humanos em espaço reduzido ao longo de um grande período de tempo”, finaliza o professor.

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