O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) foi confirmado pelo bloco de oposição para compor a comissão processante do impeachment no Senado. A reunião para escolha de presidente, vice e relator será na próxima semana. A oposição vai usar as 48 horas previstas para indicação e só deverá entregar os nomes na mesa na sexta (22). Ele lamentou que a liderança do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal esteja tentando arrastar o julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Durante a reunião de líderes com o presidente do Senado na manhã e início da tarde desta terça-feira (19), os senadores definiram que a comissão de impeachment será formada de forma proporcional.
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Desta forma, o número de integrantes será definido conforme os blocos partidários e não segundo a representação dos partidos. Mas os senadores da base aliada e da oposição não chegaram a acordo sobre o prazo para indicação dos nomes que vão compor a comissão de impeachment.
Cássio viu como uma vitória da oposição a formação por blocos. “A primeira definição que foi tomada foi a de que os integrantes da comissão processante será formada por integrantes dos blocos partidários”, frisou.
Na sua avaliação, “como manda a lei e o Regimento Interno”, a leitura da comunicação da Câmara Federal teria que ser feito nesta terça. “E ainda nesta terça teríamos a indicação dos integrantes. Infelizmente, a liderança do Partido dos Trabalhadores está se recusando a indicar seus membros, o que caracterizara mais uma vez uma tentativa de obstruir a Justiça, de obstruir as investigações por parte do PT”, afirmou.
De acordo com Lindbergh Farias (PT-RJ), o bloco da maioria (PMDB) terá cinco assentos. A oposição (PSDB-PV-DEM), quatro; e o governo (PT-PDT), quatro.
Prazos
Os oposicionistas defendem que os indicados devem ser apresentados já na sessão de plenário desta terça-feira, quando será lida a mensagem da Câmara comunicando que os deputados autorizaram o Senado a abrir processo contra a presidente. Já o PT alega que existe um prazo de 48 horas para fazê-lo.
Para o senadores Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), os petistas já começaram a tentar atrasar o julgamento, desrespeitando a lei 1.070/50 e o Regimento Interno do Senado.
Segundo eles, na mesma sessão em que se lê a mensagem da Câmara, deve ser feita a indicação dos integrantes. E, se o partido não fizer as indicações, cabe ao presidente fazê-lo. Para os senadores, a comissão especial poderia ser instalada já nesta sexta-feira (19), quando seria eleito o presidente.
“No momento da leitura, os líderes devem indicar os membros em plenário. Aí sim, existem 48 horas para instalação da comissão e eleição do presidente. Por isso apresentei questão de ordem ao presidente Renan Calheiros, que vai levar o caso ao Plenário para responder”, explicou Caiado.
Atropelo
Já os governistas alegam que há uma tentativa da oposição de atropelar o processo, pulando prazos. O PT alega que pode indicar os nomes na sexta-feira (22). E a comissão deveria entrar em funcionamento somente na próxima terça-feira (26).
Os senadores Paulo Rocha (PT-PA) e Lindbergh Farias (PT-RJ) disseram não haver motivo para atropelamento.
“A leitura do Regimento é feita conforme interesses políticos. E o texto é claro sobre o prazo até 48 horas. Ninguém quer procrastinar nada. A oposição quer atropelar e não vamos deixar”, afirmou Rocha.
O senador Lindbergh disse que não abrirá mão do amplo direito de defesa da presidente Dilma Rousseff garantido na Constituição.
“Vamos indicar os nomes às 18h de sexta-feira. Na segunda-feira (25), tem a eleição da comissão no plenário e na terça-feira se instala a comissão. Vamos exercer nosso direito até o último momento”, explicou Lindbergh.
Assista ao vídeo da TV Senado com a reportagem sobre essas definições: