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‘Castelo medieval’ abriga arte criada com material reciclado

A casa de Humberto Heleno lembra muito um castelo. No portão, um soldado em tamanho real, no estilo medieval, parece fazer a segurança. No térreo, toda a ideia ganha forma. É onde fica a oficina em que Humberto Heleno cria arte com dedicação e tira o sustento da família. “Eu comecei a trabalhar com escultura. Foi onde eu comecei a perceber que eu tinha talento para a arte”, explica.

Confira abaixo a entrevista com o artista.

Um elevador bem grosseiro, feito por ele mesmo, nos leva ao primeiro andar da casa que fica na Avenida Tancredo Neves, no bairro Padre Zé, na Zona Norte de João Pessoa. Este espaço é cuidadosamente preparado para receber as 40 peças que já estão selecionadas e todas as outras que ainda serão criadas por ele. Humberto explica que não há um tempo determinado para se dedicar à criação de uma peça. “Eu vou deixando a imaginação fluir e a peça vai saindo, pois depende da minha inspiração como está”.

Humberto Heleno (Foto: Lorena Alencar/Portal Correio)

Em cada canto da casa, em cada detalhe, pode-se encontrar a dedicação de quem é apaixonado pelo o que faz. A profissão e a vida de Humberto não são coisas distintas, elas não se divergem. Ele respira arte, toda a casa expressa a sua personalidade e se transforma em uma galeria original. “Quando eu fui construir, fui construindo eu e minha esposa, botando os detalhes aqui. Arrumando como se arruma uma mulher, botando os detalhezinhos”, conta Humberto, cheio de orgulho do que construiu com esforço.

Humberto é um dos 6 mil artesãos cadastrados Programa de Artesanato da Paraíba. Para a gestora do programa, Lu Maia, cada vez mais estão surgindo pessoas que unem a criatividade com a necessidade de um emprego. “É importante a questão do empreendedorismo, também a questão cultural, a raiz da cultura. A gente tem que preservar para que não se perca. É questão de empoderamento cultural”, explica a gestora.

Maria das Rosas

Falando em detalhes e inspirações, no topo do ‘castelo’ vive uma princesa de vestido rosa, em meio a um jardim cheio de flores e artesanato. Ela se chama Maria Miguel, nasceu em Pernambuco, mas hoje vive com Humberto. “Teve um tempo em que eu passei tendo inspiração fazendo ela, a própria Maria. Fazendo café, com menino no braço, bem nordestina”, relembra Humberto. “Somos felizes, graças a Deus. Eu acredito que não precisa de muito pra ser feliz”, garante.

Ao ser questionada sobre o segredo deste relacionamento, Maria garante que o diálogo é a chave para tudo. “Além de ser esposo, tem que ser amigo, né? Tem que estar do lado para o que precisar”, desabafa.

Além de inspiração, Maria também é artista e ajuda Humberto na produção. “A gente gosta de viajar para garimpar material, carro de boi, essas casas de farinha antiga que não funcionam mais. A gente compra madeira, compra o material todinho e traz.”

Projeto social

Além da galeria para expor as peças, Humberto sonha em aumentar o curso de artesanato dele. No terreno em frente à casa, ele reúne jovens em situação de vulnerabilidade e se compromete em passar o ofício. O objetivo é tirar os jovens e crianças das ruas e dar uma oportunidade de aprender, incentivando assim a criatividade e empreendedorismo desde cedo. “Eu quero transmitir o que eu sei para as pessoas, para que a arte não venha a se apagar”, conta.

Nas mãos de Humberto e Maria tudo é transformado em arte. A roda do carro de boi pode virar uma janela. Madeiras de demolição podem ser transformadas em um armário para a cozinha. Dessa forma, transformando lixo em arte, e a arte em oportunidade, Humberto e Maria vivem no ‘castelo’ onde só reina o amor e o serviço à comunidade.

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