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Professor Trindade

As dicas a que se refere o título dizem respeito, evidentemente, à prova de Língua Portuguesa.

1. LER MUITO

Malba Tahan certa vez afirmou: “Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê”, e eu acrescentei: “e não escreve”!

Costuma-se reclamar da interpretação de textos, mas os alunos, em geral, desdenham das aulas sobre interpretação, não leem e se preocupam, excessivamente, com a gramática.

Vejo muitos que dizem: “mas professor, eu leio muito: leio a Veja, a Folha de SãoPaulo…”.

Embora esse tipo de leitura seja útil, não serve para a prova de Português; é útil na prova sobre atualidades. Só o texto literário ensina a vida, a gramática, “abre” o raciocínio e prepara, realmente, para a interpretação.

Ler – e muito – Machado de Assis, Drummond, Rubem Braga, Graciliano Ramos, entre outros, prepara, realmente, para a interpretação.

Em geral, quando você fala nisso, o aluno exclama: – Mas não cai literatura nesse tipo de concursos; só cai em vestibular.

Ledo engano. Realmente, não se cobram as escolas literárias, mas a estrutura literária é fundamental para entendimento de textos. É bom frisar que as provas geralmente apresentam mais de um texto: um de natureza literária e outro de natureza jornalístico-científica; não é rara a presença de textos de Machado de Assis (crônicas) e de Carlos Drummond de Andrade (crônica e poesia).

2. ESQUECER A EXPRESSÃO SEMPRE

Uma praga do ensino brasileiro é a mania que muitos professores têm de ensinar dizendo: “Isso é sempre assim…”.

Exemplos perniciosos e mentirosos:

O lhe é sempre objeto indireto.

Não é. Há frases em que o lhe é adjunto adnominal, ou complemento nominal.

O aposto vem sempre entre vírgulas.

Mentira. Há, inclusive, um aposto que não admite vírgula: o aposto especificativo.

Sempre haverá vírgula depois do mas.

Não é verdade. Só haverá vírgula depois de mas se o elemento que vem à frente o exigir.

3.ESTUDAR OBSERVANDO O CONTEXTO, E NUNCA A REGRA, ISOLADAMENTE

Os concursos hoje são muito ligados à semântica (Ciência que estuda os significados). De modo que não adianta mais o candidato decorar regras; tem que  observar o contexto.

Por exemplo:

Na frase: “O olhar dela e triste”, olhar é substantivo (está antecedido de artigo), embora a palavra olhar, isoladamente, seja verbo.

4.CONFERIR A ORGANIZADORA

Cada organizadora tem seu “jeito” de cobrar o assunto; por isso, é importante praticar com base em provas anteriores daquela organizadora.

5.APRENDER ANÁLISE SINTÁTICA

É bobagem querer passar em concurso sem saber, detalhadamente, a análise sintática. Para que se tenha uma ideia, dependem da análise sintática as questões sobre crase, regência, pontuação, concordância e colocação pronominal. São muitos os candidatos que nos dizem:

– Professor, quero aprender pontuação, mas não quero saber aquela história de sujeito e predicado, não.

Impossível.

Observe, por exemplo, o seguinte:

Há uma regra de pontuação que diz: “Quando a oração subordinada adverbial vier antes da principal, a vírgula será obrigatória; quando estiver intercalada, idem; quando vier depois da principal, a vírgula é opcional”. Como o candidato aprenderá isso se não souber reconhecer uma oração adverbial?

6.CONHECER OS ASSUNTOS RECORRENTES EM PROVA

Os assuntos que mais “caem” em prova são:

Correspondência de tempos verbais.

Transposição de vozes verbais.

Pontuação.

Interpretação de textos.

Crase.

Colocação pronominal.

Estrutura sintática do período.

Concordância verbal.

7. NÃO COMEÇAR A PROVA PELA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

O ideal é dar uma olhada na prova toda, fazer as questões mais fáceis (duas ou três) e ir para a interpretação de textos. Jamais deixe as questões de interpretação para o final. É suicídio!

8. TER MUITO CUIDADO COM APOSTILAS

É preferível estudar por bons livros de gramática. Geralmente, as apostilas, no intuito de simplificar, terminam prejudicando o leitor com informações parciais e, por conseguinte, erradas.

Exemplo:

São muitas as apostilas que ao falar sobre adjunto adnominal dizem:

“Classes de palavra que são, sintaticamente, adjuntos adnominais:

a) artigos.

b) pronomes.

c) numerais.

d) adjetivos.

e) locuções adjetivas.”

Ora, nem todo pronome ou numeral é adjunto adnominal. Só exercem tal função o pronome adjetivo e o numeral adjetivo.

Exemplos:

Teu sonho não acabou” (teu = adjunto adnominal).

Meu sonho é teu (teu = predicativo do sujeito).

Duas pessoas ficaram feridas (duas = adjunto adnominal).

“Éramos seis” (seis = predicativo do sujeito).

O adjetivo, por sua vez, só será adjunto adnominal se estiver preso ao substantivo; se não, será predicativo.

Ela vestia uma saia curta (curta = adjunto adnominal).

Ela chegou à reunião, chateada (chateada = predicativo do sujeito).

9. JAMAIS ACREDITAR EM MACETES

Nenhum macete é 100%. O ideal mesmo é aprender, ainda que isso às vezes demande tempo. Não há mais provas decorebas, que possam ser resolvidas por macetes.

10.NÃO DEIXAR PARA ESTUDAR SOMENTE QUANDO SAIR O EDITAL

É impossível se preparar em tão pouco tempo.

(Dicas extraídas do meu livro Português Descontraído, editora Leya/Alumnus, 2018, pp. 39 a 44).

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