Na coluna anterior, abordamos a origem da Língua Portuguesa. Hoje, falaremos sobre ela, no Brasil.
A Língua Portuguesa foi trazida pelos nossos descobridores e colonizadores, encontrando, aqui, um forte rival no Tupi, que esteve, por algum tempo, para o Português, na proporção de 3:1.
Para a expansão do idioma indígena no território brasileiro, concorreu o próprio elemento europeu e os descendentes cruzados. Por sua vez, os padres, empenhados na catequese, falavam o tupi, escreviam-lhe a gramática (Anchieta é autor de uma delas), o dicionário e o ensinavam nos seminários. Falavam, também, o tupi as levas que partiam do litoral para a conquista dos sertões – as bandeiras – e era com vocábulos dessa procedência que batizavam os acidentes geográficos que descobriam e os povoados que fundavam, os quais ficavam constituindo núcleos de disseminação do tupi. Os próprios portugueses costumavam denominar-se com apelidos tupis.
Mesmo após se tornar idioma nacional, o Português recebeu do tupi grande número de vocábulos e expressões. Grande parte desse legado figura em denominações geográficas como Aracaju, Jaguaribe, etc. Outros são nomes de pessoas, como Iracema. Muitos se impregnaram na linguagem falada, ou mesmo na literária, como elementos já pertencentes ao idioma. Se vemos alguém calado, fechado em si, dizemos que está jururu; à galinha pedrês chamamos Carijó. E quem não sabe o que é pindaíba?
Outros vocábulos tupis: mocotó, xará, mingau, catapora, perereca, urubu,pipoca, siri, peteca, pirão, sapecar…
Enriqueceu-se, então, a Língua Portuguesa no Brasil de termos e locuções novas e, além disso, adquiriu pronúncia diferente e foi adquirindo alterações sintáticas.
Conclusão:
Uma língua de grande extensão geográfica é uma entidade abstrata; logo que a consideramos falada, vemo-la diversificada, segundo as regiões, na fonética, na morfologia, sintaxe e no léxico, e cada região corresponde a um dialeto.
(Esse texto é uma adaptação de parte de um capítulo do livro: “Lições de português”, de Souza da Silveira).
Momento de poesia
“LínguaPortuguesa
Última flor do lácio, inculta e bela
És, a um tempo, esplendor e sepultura
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela
Amo-te assim, desconhecida e obscura
Tuba de alto clangor, lira singela
Que tens o tom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo
Amo-te, ó rude e doloroso idioma
Em que da voz materna ouvi: “Meu filho”
E em que Camões chorou, no exílio amargo
O gênio sem ventura e o amor sem brilho”.