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Professor Trindade

Era alvinha. Linda. Magrinha; talvez não fosse o protótipo de mulher para aquele bando de adolescentes com a sexualidade à flor da pele. O ideal seria uma professora das coxas grossas, a “coisa tão certa”.

Mas não era. Parecia um passarinho. Magrinha, coitada, mas… linda!

Pelo menos era isso o que eu achava.

Mas o que eu achava não contava muito, pois era considerado pelo colégio inteiro como um débil; um sonhador.

A verdade é que ela não me saía da cabeça. Foi a professora de Português mais bonita que tive em toda a minha “carreira” de aluno.

Linda! A voz suave, meiga; suas palavras eram música ao meu ouvido.

Mas o pior é que não conseguia pensar em sexo com ela. Era minha musa, o meu amor platônico; eu não poderia maculá-la.

Um dia, descobri que outros colegas nutriam o mesmo sentimento que eu.

Como podia?

Ela, magrinha, um “graveto”, despertar tanto desejo?

Descobri. Era a axila. A axila mais linda que já vi em toda a minha vida. Alva, bem alvinha. Depilação perfeita.

Que coisa linda! O branquinho continuado. A gente adorava quando ela levantava o braço direito para escrever uma oração. Dava até vontade de dizer:

– Professora, escreve várias orações; períodos inteiros. Não precisa explicar!

Ai, meu Deus…  Quanta saudade!  Jamais esquecerei aquelas axilas.

Momento de poesia

Indiferença

Hoje, voltas-me o rosto, se ao teu lado
passo. E eu, baixo os meus olhos se te avisto.
E assim fazemos, como se com isto,
pudéssemos varrer nosso passado.

Passo esquecido de te olhar, coitado!
Vais, coitada, esquecida de que existo.
Como se nunca me tivesses visto,
como se eu sempre não te houvesse amado

Mas, se às vezes, sem querer nos entrevemos,
se quando passo, teu olhar me alcança
se meus olhos te alcançam quando vais.

Ah! Só Deus sabe! Só nós dois sabemos.
Volta-nos sempre a pálida lembrança.
Daqueles tempos que não voltam mais!

(Guilherme de Almeida)

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