Pode ser muito ruim sentir-se mal consigo, mas, ainda pior ter a consciência de que, como um mecanismo de defesa, se projetou contra outras pessoas as frustrações e as dores emocionais que sente. Quando se assume a postura daquele que fere, se coloca em um lugar de potencial agressor, mas nem sempre este comportamento é o que desejaria ter de forma racional em suas relações.
Quando isto acontece no ambiente familiar, nas relações entre pais e filhos, isto tende a ser ainda mais problemático, pois pode interferir no processo educativo e na forma como estas pessoas passam a interagir entre si. Inicia-se assim, um ciclo de violência voluntária contra aqueles que sequer têm culpa sobre as feridas do outro. Sem que sejam analisados e trabalhados os conteúdos envolvidos neste processo, esta agressividade tende a se multiplicar e ser transferida entre gerações como comportamento de referência.
O fato é que quando isso acontece, significa que essas feridas do passado precisam ser processadas. Este processamento pode acontecer de diferentes formas, mas falar sobre o que aconteceu, identificar como se sentiu no momento, como isso te afetou naquele instante e como reverbera em sua vida, pode ajudar a compreender e aprender a lidar com as emoções que expressam as dores mais primitivas.
Reconhecer e desenvolver-se no sentido de quebrar este ciclo de multiplicação de sofrimento é fundamental para que se possa ressignificar sentimentos e experiências negativas. Assim, surge a possibilidade de se relacionar de forma positiva, sem transferência aos outros das frustrações e sofrimentos que carrega em sua história.
Gustavo Amorim
Psicólogo Clínico
CRP 13/9562
@gustavoamorimpsi