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Professor Trindade

Engana-se quem pensa que escrever bem é produzir um texto gramaticalmente correto.

Além da gramática, é preciso observar outros elementos importantes, como, por exemplo, estilística e semântica.

Um texto perfeito é aquele que, além do asseio gramatical, é claro, inteligível, semanticamente ordenado e com estilo agradável e redação impecável.

Pensando nisso, resolvemos, na coluna de hoje, dar algumas dicas sobre como escrever bem. Ei-las:

Escrever bem é ser simples, claro, direto e objetivo. Já dizia o mestre Drummond: “Escrever é cortar palavras”; ou, como diria o mestre Graciliano, escrever é “rasgar, rasgar e… rasgar”!

DICAS FUNDAMENTAIS

1. Escrever bem é ser simples, claro, direto e objetivo.

2. Evite parágrafos e períodos longos; prefira os curtos.

3. Prefira a coordenação à subordinação.

Ex.:

Embora estivesse cansado, o rapaz tinha a certeza de que chegaria lá. (subordinação).

Melhor redação:

O rapaz estava cansado, mas tinha certeza: chegaria lá. (coordenação).

LEMBRE-SE:

Quanto mais longo for um parágrafo (ou o período), mais há a possibilidade de erros gramaticais; sobretudo na pontuação, e o texto se tornará abusivo (às vezes, incompreensível!) para o leitor.

4. Prefira a ordem direta da frase. Por que dizer: “Ao cemitério, ontem, foi toda a família”, se você pode dizer: “Toda a família foi ao cemitério, ontem”?

5. Não abuse do quê (observe que não estamos dizendo para você não usar o quê; mas sim, para não abusar!), nem dos adjetivos.

Observe esta frase, deveras ridícula:

“Aquela linda e bela moça morava numa enorme e maravilhosa mansão que ficava localizada na praia de Tambaú”.

Por que não dizer:

“Aquela moça morava numa mansão localizada em Tambaú?”

Mas se você fizer questão de adjetivar, por que não dizer:

“Aquela bela moça morava numa agradável mansão localizada em Tambaú?”

Gente! O adjetivo é feito para qualificar, e não para enfeitar a frase.

Por exemplo:

Por que dizer:

“Um belo dia, ela resolveu sair de casa”? Por que o belo? belo, aí, não qualifica; é uma expressão inútil.

O mesmo não se afirme, quando você diz: “Que bela moça; parece uma atriz!” Aí, sim, o adjetivo (belo) está qualificando.

6. Corte pronomes retos e possessivos. Os primeiros normalmente já estão implícitos na desinência verbal; os segundos devem ser evitados, sobretudo o possessivo “seu”, que, muito frequentemente, dá ambiguidade à frase.

Ex.: “João convidou Pedro para estudar em sua casa”. Na casa de quem? De João ou de Pedro?

7. Antes de começar qualquer texto, organize as ideias na cabeça, antes de passá-las para o papel, obedecendo à velha (mas eficaz!) fórmula: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Imagine a seguinte situação: Você vai pedir aumento ao patrão. Claro que, enquanto o espera, você vai organizar as ideias, antes de falar, não vai? A mesma coisa, portanto, deve fazer quando for redigir um texto: é necessário organizar as ideias na cabeça, antes de passá-las ao papel. Quem redige tem que, no mínimo, saber como vai começar e como vai terminar!

(Dicas extraídas do meu livro “A Língua no Bolso” – Editora Alumnus/leya –  2016, 3ª edição, págs. 93 a 96).

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