A Paraíba começa a semana apreensiva com os números da Covid-19.
A média diária dos últimos três dias é de 1.266 novos casos, o que revela um patamar muito elevado para uma suposta situação de estabilização da pandemia, que era o que se esperava há três semanas quando começou a se flexibilizar as atividades outra vez.
O número de óbitos parece menor, mas não é bem assim. Nos boletins dos últimos três dias aparecem, pela ordem, 34, 32 e 18 casos, o que daria uma média de 28,6 mortes/dia. Mas existem 82 casos em investigação e não aparecem casos de óbitos em João Pessoa neste domingo, o que parece improvável diante do número de casos registrados (181).
O mapa das mortes por Covid-19 deste domingo também é preocupante porque registra casos em 15 municípios de todas as regiões do Estado, revelando que a agressividade do vírus atinge todos os quadrantes da Paraíba.
A situação da Paraíba só comprova o erro, segundo a epidemiologista Maria Amélia Veras, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, de se convencionar estabelecer a intensidade da pandemia por onda ou ciclos. Segundo ela, os planos de combate do vírus pensando em “ondas” ou “picos” não têm sido benéficos.
As doenças transmissíveis, conforme a cientista, até comportam um modelo de curva epidêmica com pico e queda, mas não tem sido esse o caso da pandemia no Brasil. Existiram períodos de redução, mas as descidas estão estacionando sempre num patamar mais alto do que o pico anterior.
A estabilização na atual fase da pandemia na Paraíba, se ocorreu, foi há poucos dias, com ocorrências entre 830 (19/05) e 900 casos. É quase duas vezes o patamar de outubro do ano passado, com ocorrências diárias entre 400 e 500 casos. É também mais alto do que o patamar de dezembro. Ou seja, não houve queda significativa para justificar mudanças.
O modelo de enfrentamento da pandemia tem problemas no Brasil inteiro. Na Paraíba não é diferente. Talvez tenha chegado o momento de se pensar algo diferente. Começando aqui.