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Professor Trindade

Há coisas que, sem motivo aparente, não propagamos, embora nos sejam gratificantes.

É o caso do que me aconteceu em 2004 e, talvez por modéstia, não divulguei, apesar de haver ficado feliz.

Naquele ano, foi publicado o terceiro livro do bom escritor paraibano (nasceu em Prata), Paulo Conserva: Cachupiranga e Adjacênciasestórias sertanejas – pela editora Universitária da UFPB. 

Pois não é que sou um personagem da trama e o narrador (foco narrativo de terceira pessoa, com narrador onisciente) me faz grandes elogios e ótimas referências?

Transcrevo, a seguir, trecho do capítulo em que apareço como personagem:

Trem do Tempo

Ao sair de casa naquela manhã, rumo ao centro da cidade, dizendo a dona Fortunata que não viria almoçar, [o Coronel Panfúcio] tivera em mente procurar o professor João Trindade, a quem pagaria o que pedisse para redigir tão importante MANIFESTO. Até o título já bolara! O diabo era colocar em ordem o sempre desarrumado pensamento, concatenar as ideias dispersas, virtudes que somente um intelectual de mão cheia, reconhecido pelo CORREIO DA PARAÍBA como “o melhor e mais criterioso Professor de Português do Estado”, seria capaz de fazer. Pela primeira vez na vida, forçado pelas circunstâncias e a própria ignorância, o coronel Panfúcio dava mãos à palmatória, cedia na sua vaidade sem limites, reconhecia os méritos de alguém. Porém, antes que o marido de dona Fortunata encontre o emérito homem de letras, é oportuno registrar ser este, além de professor e advogado, um inspirado poeta e um dos intelectuais mais admirados das novas gerações nordestinas. Acertaria na mosca o mentecapto Coronel Panfúcio, não fosse o professor Trindade um profissional sério e sensato, jamais se submetendo a respaldar tamanha mediocridade com seu prestígio ímpar (grifo nosso). Por sorte, não foi encontrado na sua residência. Naquela precisa manhã, viajara à Capital Federal para participar de um congresso de escritores, a convite do colega e amigo Reis de Souza, Presidente do Clube Literário de Brasília (…)”.

Não há que negar o prazer e orgulho de ser personagem de uma obra de ficção, ainda mais retratado de uma maneira tão positiva e elogiosa.

Destaque-se que Paulo Conserva já escrevera antes duas obras de grande repercussão: o romance A Revolução de Mugiqui (Editora Codecri/Pasquim, 1982) e Navegando no Exíliomemórias de um marinheiro, (Empresas Gráficas do Nordeste, 1991).

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