Experiência digital

Em um recente evento, tive a oportunidade de presenciar um ato de liderança exemplar por parte de uma reitora. Durante minha palestra, ela compartilhou uma experiência na qual um aluno utilizou seu perfil pessoal para expressar insatisfação com o tempo de espera de 15 dias para a emissão de um certificado. Em uma atitude louvável, a reitora não somente abordou a reclamação diretamente, mas também convidou o discente a visitar a universidade e entender pessoalmente que o atraso não era uma questão de ineficiência administrativa, mas sim de procedimentos legais, incluindo regulamentações do MEC.

Este gesto não apenas destaca a importância de uma liderança acessível e responsiva, mas também incita uma reflexão mais ampla sobre as expectativas de tempo na era digital. Ao ponderar sobre a insatisfação do aluno, questiono-me: com o que ele está comparando a demora na entrega do certificado? Será que as expectativas são moldadas por experiências com outras instituições educacionais, ou será que estamos todos cada vez mais condicionados pela imediatidade de serviços como Uber e iFood? Recordo-me de uma época não tão distante em que esperar 40 minutos por um táxi era considerado normal, enquanto hoje, uma espera de 8 minutos por um Uber pode parecer interminável.

Este episódio sublinha uma verdade incontestável sobre o mundo contemporâneo: a necessidade de adaptarmos nossos serviços e produtos não apenas para atender às expectativas de eficiência, mas também para educar e ajustar a percepção do público sobre o que é um prazo razoável em diferentes contextos. A iniciativa da reitora não apenas resolveu uma questão pontual, mas também serviu como um lembrete valioso de que, em uma época de gratificação instantânea, algumas das coisas mais valiosas – como a educação e a compreensão dos procedimentos legais – ainda requerem tempo. E talvez, mais importante, ela demonstrou que liderança significa estar disposto a enfrentar desafios diretamente, guiando com empatia e educação.

@josuelgomes