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Professor Trindade

Devido à nossa cultura de “regras” (exige-se um porquê para tudo!), as pessoas não se conformam quando perguntam ao professor: “Por que o nome é ‘a cal’, e não ‘o cal’”?; por que é ‘o tomate’, e não ‘a tomate’”? E o lente responde que a escolha é arbitrária.

Acontece que os gêneros (em qualquer língua, e não só na portuguesa) são uma mera convenção, assim como o nome das coisas. Cadeira poderia ser mesa e vice-versa, mas aquilo em que a gente se senta é cadeira e aquilo em que coloca a alimentação é mesa.

Inclusive, os gêneros, numa língua, podem mudar, com o tempo. “Mar” e “fim”, por exemplo, já foram femininos, em Português.

A respeito do assunto, passo a transcrever parte de um texto de Glastone Chaves de Melo, extraído do livro: “Iniciação à Linguística Portuguesa”. Rio. Acadêmica, 1975:

“Por isso, nesses casos de gênero gramatical, não raro uma palavra, ao longo da história da língua, muda de casa, era masculina e torna-se feminina e vice-versa. Mar e fim, por exemplo, já foram femininos em Português como são, ainda hoje, em francês.

Certo andou, pois, Darmesterter, quando observou que ‘essa distinção de gêneros não corresponde a nenhuma ideia lógica. Nos idiomas românicos, os gêneros não servem ordinariamente senão de quadros em que a língua distribui a totalidade dos seus substantivos, deixando-se guiar mais ou menos obscurantemente por analogias exteriores, terminações, sufixos e algumas razões vagas e contraditórias. Em limitado número de casos, para os nomes de pessoas e algumas vezes de animais, o gênero é determinado pela ideia do sexo, e isso mesmo com desprezo da etimologia’” (Apud: Ismael de Lima Coutinho. Pontos de Gramática Histórica, 5ª edição, revista e aumentada, Livraria Acadêmica, Rio, 1962. P. 273).

Por tudo isso, leitor, é que cal é “a cal” e tomate é “o tomate”. E é também por isso, por essa falta de padrão quanto ao gênero, que tenho uma amiga cujo nome é Juracy e um amigo, também! A mesma falta de critério explica o fenômeno daquele famoso casal da política brasileira ser formado por Íris e Íris (ambos, Resende, inclusive!).

PRESIDENTA EXISTE, SIM!

São inúmeros os leitores que ainda mandam mensagens perguntando se a palavra “presidenta” existe, apesar de eu já haver explicado isso pelo menos umas cinco vezes. Explico pela última vez e encerro o assunto:

Os substantivos terminados em “nte” muito geralmente são uniformes; porém, há algumas variações. É o caso de elefanta (feminino de elefante); infanta (feminino de infante) e presidenta (feminino de presidente).  (Cf. Celso Cunha: Gramática da Língua Portuguesa. Fename, 1976. P.205).

Na verdade, o feminino de presidente pode ser presidente ou presidenta; apenas a segunda forma não era usual, no Brasil, até à chegada daex-presidenta (ou presidente) Dilma.

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