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Professor Trindade

Leitor arguto me pergunta, intrigado, por que o poeta Olavo Bilac, sendo um escritor que primava pela boa escrita, houvera chamado nossa Língua de inculta.

Em verdade, quando assinalou, no famoso soneto em homenagem à Língua Portuguesa, a expressão “inculta e bela”, o parnasiano estava se referindo às origens da nossa Língua

Aproveito para falar um pouco sobre isso.

O Lácio era uma antiga região situada na atual Itália. Lá, ficava Roma, onde eram faladas duas variedades do latim: o latim vulgar (língua falada, espontaneamente, pelo povo, sem preocupação com a correção) e o latim clássico (língua escrita e falada pelos artistas, professores e demais homens cultos da época).

O Império romano, como todos sabem, expandiu-se bastante e, assim que conquistava um povo de determinada região, impunha o latim como meio de comunicação oficial.

Mas o latim imposto ao povo dominado era o latim vulgar, que, misturando-se com a língua que os dominados já falavam, dava origem a uma língua diferente, que já não era mais o latim.

Foi isso o que aconteceu quando os romanos, no século III, conquistaram a Lusitânia, região da Península Ibérica, e dominaram os celtiberos, povo que lá vivia.

No estudo sobre as origens do Português, a língua dos celtiberos é chamada de substrato, que é a língua de um povo vencido em relação à do vencedor que a sobrepôs. O Português é, principalmente, a fusão do latim vulgar com o substrato ibérico. A tal fusão, acrescentaram-se influências de línguas bárbaras e árabes, povos que, após os romanos, também dominaram, por algum tempo, a Península Ibérica.

Em Portugal (antigo Condado Portucalense, que pertencera ao reino Leão e Castela), nossa língua já não era mais o latim vulgar, mas não era, ainda, o Português atual; começou, então, a se modificar e a se transformar na Língua Portuguesa tal qual a conhecemos e utilizamos atualmente.

A nossa Língua é, portanto, rica em possibilidades; porém, levando-se em conta a origem, é inculta. Tem razão Bilac.

Momento de poesia

Transcrevo, a seguir, excertos do poema/livro “A Musa do Entardecer”, do poeta, jornalista e Acadêmico da Academia Paraibana de Letras José Nunes, a ser lançado, brevemente, do qual fiz, com muita honra, o posfácio:

“A vida galopa na
fecundidade do silêncio,
nas ondas do mar,
na aurora com o
segredo dos teus olhos.”

***

“(…) No poente com Sofia,
o momento é poema.
O poente é Sofia,
meu poema.”

***

“Te amo com a alegria da terra
ao receber brisa noturna.
Te amo silencioso,
no aroma dos lírios.
Te amo no olhar
de muitos solares,
no afago de mãos silentes,
nas lembranças noturnas
de noites infinitas.
Te amo como raízes
silenciosas.
Amo como os espinhos que guardam
as perfumadas rosas.
Tardio amor,
alimentado com palavras,
gestos de mãos,
certas coisas da alma.
Recolho e guardo
tua graça que ascende
na terra do meu coração.”

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