Conforme já denuncia o título, tomaremos, novamente, assunto bíblico como modelo.
Faremos a análise de um trecho relativo à ressurreição de Lázaro, à luz da colocação pronominal. Vamos ao trecho e à análise de outros exemplos fora dele:
“Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com ataduras e o rosto envolto num lenço. Então, lhes ordenou Jesus: “Desatai-o e deixai-o ir”.
Houve, nos elementos grifados, um caso de ênclise.
Dá-se o nome de ênclise à colocação do pronome oblíquo átono depois do verbo.
São fatores de ênclise:
Verbo iniciando oração:
“Deixai-o ir”.
Os imperativos afirmativos:
Amigo, esqueça-se daquela mulher.
Os gerúndios:
Amando-te, serei feliz.
Atenção!
Há uma exceção, em relação à expressão: “Em se tratando de…” Nesse caso, existe uma próclise ao gerúndio:
“Em se tratando de time de futebol, o Flamengo é, sem dúvida, o mais querido do Brasil”.
As outras possibilidades de colocação pronominal são a mesóclise (hoje, quase em total desuso) e a próclise.
Dá-se a mesóclise quando o pronome oblíquo átono é colocado no meio do verbo.
São fatores de mesóclise:
Verbos no futuro do presente (terminação RA ou RE tônicos):
Apiedar-me-ei de ti.
Verbos no futuro do pretérito (terminação RIA ou RIE).
Apresentar-me-ia ontem, na empresa, mas não o fiz.
Usa-se a próclise (pronome oblíquo átono colocado antes do verbo) em todos os casos em que não caibam a ênclise e a mesóclise.
Exemplo de próclise:
“Não me diga adeus agora, meu bem”.
É sempre bom lembrar que, segundo a norma-padrão, não se inicia frase com pronome oblíquo átono.
Do ponto de vista da gramática normativa, o certo é dizer: “Dê-me um lápis”, embora, na linguagem coloquial, as pessoas prefiram dizer: “Me dê um lápis”.
Dica da semana
O verbo ter não leva acento na terceira pessoa do singular do presente do indicativo, mas, apenas, na do plural. De modo que teremos:
O ciumento em excesso tem uma desconfiança incontrolável.
Os ciumentos em excesso têm uma desconfiança incontrolável.
O verbo manter (derivado do ter) obedece ao seguinte critério de acentuação:
Acentua-se com agudo a terceira pessoa do singular do presente do indicativo e com circunflexo a terceira do plural do mesmo tempo:
Ele mantém a palavra de não fazer acordo com a empresa.
Os trabalhadores mantêm a palavra de não fazerem acordo com a empresa.