Falar e escrever corretamente é obrigação de todos; mormente dos profissionais para os quais a palavra é a ferramenta básica; é o caso de professores (de qualquer disciplina) advogados e jornalistas.
No caso dos últimos, alguns erros devem ser relevados, devido à pressa e à pressão por horários; o que não significa que devamos perdoar erros crassos; sobretudo, em se tratando de elementos basilares da língua-padrão, como, por exemplo, concordância, regência, acentuação, crase e pontuação.
Infelizmente, estamos assistindo a um desleixo e desprezo (ou, no mínimo, descaso) pela Língua, nos jornalismos paraibano e brasileiro. São frequentes e diários erros imperdoáveis, nas primeiras páginas de destacadas publicações impressas e telejornais; inclusive nos de grandes redes.
Que se erre uma concordância especial, rara, é perdoável; mas errar as regras gerais das concordâncias verbal e nominal já não é aceitável.
Exemplifiquemos alguns desses erros, sem citar, obviamente, as fontes:
“Marcado para esta quarta-feira a missa de (…).”
“Sua vitória foi comemorado com gritos (…).”
Temos, nos exemplos citados, erro na regra geral de concordância nominal.
A regra:
Adjetivos, pronomes, artigos, numerais concordam, em gênero e número, com o substantivo.
Correção das frases:
Marcada para esta quarta-feira a missa de (…).
(A missa foi marcada para esta quarta-feira).
Sua vitória foi comemorada com gritos.
(A vitória foi comemorada com gritos).
Fiquei só em dois; mas poderia citar muito mais, porque tais erros se multiplicam nos “impressos”, “online” e em rádio e TV.
A coisa “tá preta”, também, para os lados da concordância verbal:
“O sindicato dos procuradores da fazenda nacional inauguraram(…).”
“Alguns servidores receberá em suaves prestações (…).”
“Fazem duas décadas, mas o Brasil não esqueceucomo viver com inflação fora do controle (…)”
Mas triste mesmo foi ver, num determinado telejornal, o apresentador “tascar”, no encerramento dele:
“E são com estas imagens que encerramos esta edição(…).”
Ou um repórter dizer, no mesmo telejornal, mas em outro dia:
“Falta caminhões para abastecer (…) em Sergipe.”
Erros crassos (e imperdoáveis), em relação à regra geral de concordância verbal:
Regra:
O verbo concorda com o núcleo do sujeito.
Observemos a primeira frase dos exemplos:
“O sindicato dos procuradores da fazenda nacional inauguraram (…)”
Ora, o núcleo do sujeito é sindicato; portanto, o verbo concordaria, obrigatoriamente, com tal palavra.
O redator “concordou” com o elemento especificativo: “dos procuradores da fazenda nacional”, quando deveria haver concordado com sindicato, conforme já dissemos.
Forma correta:
O sindicato dos procuradores da Fazenda Nacional inaugurou (…).
Segundo exemplo:
“Alguns servidores receberá em suaves prestações(…).”
O correto:
Alguns servidores receberão em suaves prestações (…).
O núcleo do sujeito é servidores; portanto, o verbo deveria concordar com tal palavra.
O terceiro exemplo não se refere à regra geral, mas é, sem dúvida, inaceitável:
“Fazem duas décadas, mas o Brasil não esqueceu como viver com inflação fora do controle (…).”
Ora, o verbo fazer, no sentido de tempo decorrido, é impessoal; ficando, portanto, na terceira pessoa do singular.
Correção:
Faz duas décadas, mas o Brasil não esqueceu como viver com inflação fora do controle (…).
Os exemplos da TV:
“E são com estas imagens que encerramos esta edição (…)”
Forma correta:
E é com estas imagens que encerramos esta edição (…).
Mais uma vez, erro na regra geral.
O verbo não pode concordar com “imagens”, porque tal palavra não integra o sujeito. Note-se pela preposição “com”; sujeito não admite preposição.
O apresentador poderia, simplesmente, ter dito:
Com essas imagens, encerramos (…).
Sei que a culpa não foi dele. E sim, do redator; mas como se trata de um apresentador muito experiente, integrante de uma grade rede nacional de TV, bem que poderia ter corrigido, mesmo estando “ao vivo”; já fiz muito isso quando apresentava o telejornal O Norte.
Quanto ao último erro, até não condeno muito, porque o repórter estava num “ao vivo” e reportagem “ao vivo” é fogo!…
Perguntará o leitor:
– E por que está citando?
Porque seria perdoável caso fosse uma vez ou outra; mas é impressionante como está se repetindo nos telejornais daqui e de fora.
O erro:
“Falta caminhões para abastecer (…) em Sergipe.”
O correto:
Faltam caminhões para abastecer (…) em Sergipe.
Razão:
O verbo deve concordar com o núcleo do sujeito: caminhões (regra geral).