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Professor Trindade

Comecemos a coluna com trechos de duas cartas:

“Mil saudades e um abraço do S. amº. do C. (…)”

“Desculpe-me estes incômodos e creia-me sempre seu amº e colega, obrº (…)”

Se o leitor pensou que os trechos dessas cartas foram tirados da internet, está enganado. Respectivamente, são trechos de uma carta do poeta Gonçalves Dias para o amigo e também poeta Araújo Porto Alegre, datada de 01 de fevereiro de 1864, e de Machado de Assis para um colega de repartição, em 08 de novembro de 1880.

Não procedem, portanto, os temores em relação à linguagem usada pela juventude, na internet.

Ora, é inevitável que isso aconteça. Cada época tem sua linguagem e censurar o jovem por tal manifestação não tem sentido. Não há, também, sentido na expressão: “vicia” e nos temores de que o jovem leve essa linguagem para a redação escolar.

Jovem que lê jamais será influenciado por essa linguagem, mesmo usando-a na rede de relacionamentos. A questão está em mostrar para o jovem uma coisa muito simples: tal linguagem deve ser usada apenas na internet; deve haver uma separação nítida entre o texto da conversação com o colega e o da redação escolar. O importante é mostrar que o uso da internet não deve elidir o hábito da leitura dos bons textos: de Machado, de Gonçalves Dias, de Cecília Meireles…

Daí o papel fundamental dos pais, dos professores e da escola, nesse processo.

Sinto dizer, mas a culpa de grande parte dos jovens não lerem é dos próprios pais. Conheço muito pai que não lê nada, vive “pendurado” no computador e quer obrigar o filho a ler. Leitura obrigatória não faz efeito e não tem o menor sentido. Nunca obriguei filho meu a ler e os dois que tenho adoram ler. Por quê? Porque veem o pai e mãe sempre lendo; têm jornais sempre perto, logo cedo, e uma biblioteca que lhes proporciona boas leituras.

Não há, portanto, o que temer; basta deixar claras essas orientações para os jovens, que tanto precisam de orientação, do carinho e da atenção dos pais.

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