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Professor Trindade

No século XIX, em pleno romantismo, a burguesia começava a decepcionar os jovens idealistas que tanto lutaram pelo ideal de “igualdade, fraternidade e liberdade”.

Recorreram aqueles jovens a uma maneira exótica de protesto: Entregarem-se ao ócio, à bebida em excesso e à vida desregrada, o que resultava na tuberculose, doença incurável na época. Isso no Brasil, porque, na Europa, morriam mesmo com um tiro na cabeça, para imitarem o “Werther”, de Goethe.

Data dessa época um episódio estranho e que os críticos garantem ser verdade: Num bordel, a roda de amigos formada por Álvares de Azevedo, Bernardo Guimarães e outros resolveu escolher, entre as prostitutas, a “rainha dos mortos”. Escolhida a “rainha”, haveria o casamento dela com Bernardo Guimarães, autor de “A Escrava Isaura”, e o leito nupcial seria – é claro! – no cemitério.

Feita a cerimônia do “casamento”, os jovens, àquelas alturas já totalmente bêbados, colocaram a jovem num caixão de defunto e rumaram ao cemitério. A cada esquina, um poema, um brinde, enquanto a pobre moça se debatia dentro do caixão.

Não é necessário dizer que ao chegarem ao cemitério e abrirem o caixão os rapazes se depararam com a garota, morta, partindo, então, para o “ninguém sabe, ninguém viu”, uma vez que, também naquele tempo, filho de rico tinha as bênçãos da Justiça.

O episódio retratado, verdadeiro ou não, revela a principal nuance do período romântico denominado “Mal do Século”, geração daquela escola inspirada no “Werther”, de Goethe, e bastante influenciada pela literatura macabra do inglês Byron.

Além de cultuarem a morte, tanto nos poemas como no modo de vida, os poetas daquela geração – Álvares de Azevedo, o principal deles – retratavam, também, o amor excessivamente platônico, repetindo ecos do amor de Werther por Carlota.

A rebeldia, o excêntrico sempre fizeram parte da vida dos jovens deste país. Com uma significativa diferença: os jovens dessa época tinham muita cultura e liam bastante – Álvares de Azevedo traduziu Byron aos sete anos – coisa que, infelizmente, hoje, em relação aos jovens, é privilégio de poucos.

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