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Josival Pereira

A movimentação política do governador João Azevedo nos últimos dias pode até parecer complicada. Mas, observando-a com mais atenção, não é. Carrega, na verdade, boa dose de ambição política e tem a intenção do protagonismo, que é próprio de quem detém o poder.

Como decifrar, então, qual o plano de jogo do governador?

Uma entrevista no programa Correio Debate desta segunda-feira (rádio 98.3 FM) pode ter sido reveladora. Respondendo a uma questão sobre as articulações da oposição, o governador João Azevedo disse que não tinha poder de escolha nem preocupação com o candidato adversário.

O primeiro tópico faz sentido, uma vez que, de fato, um candidato a cargo eletivo, mesmo o governador, não tem poder para escolher o adversário, a não ser em sistemas autoritários. Em relação ao segundo tópico, talvez não seja bem assim. É natural que um candidato cultive algum grau de preocupação com o concorrente e desenvolva estratégias para atrapalhar os planos dos adversários e facilitar os seus. Parece ser o que João tem feito ao aumentar a intensidade de suas articulações políticas, buscando, sobretudo, atrair adversários históricos.

Na sequência da entrevista, o governador foi instado a responder em sentido contrário à pergunta anterior. Ou seja, era certo que ele não poderia escolher o adversário, mas podia escolher os aliados. Com quem, então, ele gostaria de ter por perto em 2022?

Sem tergiversar, João Azevedo disse que gostaria de manter todos os partidos aliados e somar mais o PSD e o PP.

Em sua resposta, João excluiu a possibilidade de aliança com a “extrema direita”, referindo-se ao bolsonarismo, e não fez menções ao PT ou outras forças de esquerda.

Pode parecer exagerado, mas nessa sucinta resposta o governador talvez tenha revelado toda sua estratégia para a disputa da reeleição no próximo ano.

No plano ideal, João trabalha para ter em seu palanque todos os partidos que formaram a coligação de 2018, com o acréscimo de Lula, o PT e grande parte das legendas mais à esquerda e mais o PP e o PSD. Seria uma aliança bem ampla, um alianção, com força para repetir o feito da decisão em 1º turno.

Mas o governador parece desconfiar que o ex-governador Ricardo Coutinho pode atrapalhar a presença de Lula em seu palanque. Por isso, João tem tratado de tentar ampliar sua base em Campina Grande, atraindo o ex-prefeito Romero Rodrigues. Aqui, há também um plano ideal, que é manter o MDB do senador Veneziano Vital do Rêgo. A aliança se manteria ampla e com forte favoritismo.

Do outro lado, na oposição, os grupos restantes ficariam isolados – PSDB de Cunha Lima, a parte do PT sob a influência de Ricardo e os bolsonaristas – e dificilmente se uniriam. E, mesmo que formassem uma chapa única, não haveria liga para uma campanha eleitoral majoritária.

O plano parece bem traçado. Resta saber agora se terá exequibilidade.

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