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Professor Trindade

Não é fácil, obviamente, para o homem do povo entender as Figuras de Linguagem; sobretudo a metáfora. Lembra-me um episódio interessante, acontecido com um vizinho de minha esposa, quando esta era solteira, que vou tomar como ponto de partida para estudarmos tal assunto.

A história é a seguinte:

Nos anos 70 e começo dos 80, a Rádio Tabajara tocava todos os dias, ao meio-dia, o hino não oficial de João Pessoa: “Meu Sublime Torrão”, composição inesquecível de Genival Macedo; o mesmo que compôs o famoso e igualmente lindo hino do Clube Astréa.

A música, cheia de metáforas, assinala, em determinado momento:

“A minha terra

Que só encerra

Belezas mil…

Pode ser chamada

A namorada

Do meu Brasil.”

Vizinha de parede-e-meia, minha esposa, garota na época, escutava o gargalhar do vizinho da direita:

“Arrarrarrá: o Brasil com namorada!…”

Episódio parecido, só que neste caso estúpido, porque vem de muitas pessoas que se dizem “letradas”, ocorre quando chego para alguém e digo:

– Me dê seu telefone.

Aí, o energúmeno responde:

O telefone eu não posso dar. Posso dar o número.

Nessas situações, não raro (só não o faço quando a pessoa é muito amiga) respondo:

– É uma pena, amigo, que você não saiba o que é metonímia…

Há uma canção popular, que fez muito sucesso nos anos 70, que faz alusão jocosa a esse tipo de equívoco:

“Meu coração eu não dou

Porque não posso arrancar

Arrancando sei que morro,

Morrendo eu não posso amar…”

Vamos ao cerne da questão:

O vizinho citado, na inocência que o caracterizava, desconhecia uma figura fundamental (sem ela não há literatura): a metáfora.

E o que é metáfora (Atenção, concursando; não se consegue interpretar texto sem se conhecer essa figura)?

É uma comparação implícita, mental, em que se substitui um elemento por outro.

Exemplo:

“Espelhos da minha mágoa,

Meus olhos são poças d’água

Sonhando com teu olhar…”

Observe que, nos versos citados, os olhos são comparados com espelhos (poças d’água) que refletem a mágoa do “eu lírico”. A comparação é implícita: temos uma metáfora.

A metáfora, entretanto, não deve ser confundida com a comparação, que é uma comparação (tem que ser repetido o termo) explícita:

“Eu sou como a borboleta

Tudo o que eu penso é liberdade…”

Outra figura muito frequente em concurso é a Antítese.

A antítese é uma junção de ideias opostas:

“Você foi a melhor coisa que eu tive

Mas o pior também em minha vida.”

Evidentemente, não vamos esgotar, nesta coluna, o assunto “Figuras de Linguagem”. Estamos, apenas, destacando aquelas que aparecem mais em provas de concursos.

Continuando o quadro: Metonímia.

A metonímia é uma substituição OBJETIVA (não confundir com a metáfora; esta é uma substituição subjetiva) de um elemento por outro.

Existem vários tipos de metonímia.

Os mais comuns:

a) A parte pelo todo: “As velas do Mucuripe vão sair para pescar…”

b) O autor pela obra: “Devolva o Neruda que você me tomou/ e nunca leu…”

c) O continente pelo conteúdo: Vou tomar uma xícara de café.

d) O instrumento pela matéria: “Tinir de ferros, estalar de açoite (…)”

e) A causa pelo efeito: “Repeitem ao menos meus cabelos brancos…”

E há inúmeras metonímias na linguagem escrita. O importante é que o consursando entenda o seguinte: Não é possível “listar” todas as metonímias; mesmo porque nem todas têm um nome. Certa vez, “caiu”, num concurso público, a seguinte metonímia:

“Ela ria um riso desdentado.”

Evidentemente, riso, aí, está substituindo boca. Não há, no entanto, uma classificação para tal metonímia. O importante era que o candidato entendesse a substituição.

Em outras palavras:

NÃO ADIANTA ESTUDAR DECORANDO!

Prosopopeia

É a figura em que se atribui característica de ser vivo a ser inanimado:

“Um pequenino grão de areia

Que era um pobre sonhador

Olhando o céu viu uma estrela

Imaginou coisas de amor…”.

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