(À professora Branca Claudino e aluno(a)s do Educandário Américo Mesquita – Piancó-PB)
Esta é a história de um garoto muito tímido e bem diferente dos colegas dele. Vivia sempre dentro de casa, não jogava bola; preferia as revistas em quadrinhos.
O garoto era louco por circo e quando chegava qualquer um na cidade pedia aos pais para levá-lo. Gostava dos palhaços, dos malabaristas… Mas era fascinado mesmo pelo trapézio. Adorava ver os trapezistas fazerem aquelas manobras lá em cima e ouvir o rufar do tarol na hora em que o artista ia pular e ficar solto no ar, deixando um suspense, se ia, ou não, alcançar o balanço do trapézio, de volta.
Num desses circos, veio uma garotinha muito bonita por quem o menino, precoce para a idade dele, se encantou. Eles ficaram, então, muito amigos.
Foi aí que o menino teve uma ideia, que considerou genial, para chamar a atenção da menina: armar, num terreno baldio, próximo da casa dela, um circo “de brinquedo”. A empanada era um lençol e os trapézios foram confeccionados com varas e um arame. O tarol que “rufava” nada mais era do que uma gaveta de penteadeira.
De modo que nosso personagem se armou de coragem e presenteou a menina com um ingresso para o circo dele.
O grande espetáculo foi num domingo, à tarde. A garotinha estava presente, o que deixou nosso protagonista bastante feliz.
A gurizada lotou o circo.
Começa o espetáculo.
A abertura, claro, foi com nosso protagonista cantando e tocando num pequeno banjo de plástico; ele que, apesar da idade, tinha ficado “famoso” na cidade e, sobretudo, na rua, por ter se apresentado num festival de calouros, promovido pela rádio local, no único cinema da cidade.
Tudo estava caminhando muito bem, até que chega a hora do trapézio. O garoto que combinou atuar não deu as caras e nosso protagonista teve que virar trapezista.
O tarol, ou melhor, a gaveta da penteadeira, começa a “rufar”. Quando chega ao ponto mais alto do toque é a hora de nosso herói pular, no exato momento em que o balanço do trapézio voltava. Ele pulou na hora certa, segurou com as duas mãos o trapézio, mas aí o circo veio abaixo; as estacas de vara que sustentavam a estrutura não suportaram o peso, de modo que nosso artista caiu estatelado no chão e a empanada (ou melhor, o lençol) cobriu todo mundo.
Gargalhada geral, para a tristeza do nosso herói.
Estava triste, cabisbaixo, num canto, mas percebe o toque de duas mãos que vieram por trás e lhe taparam os olhos. Quando os abriu, viu o sorriso mais belo do mundo: o da menininha de quem tanto gostava.